ADEGA COOPERATIVA DE ALMEIRIM CRL; ATEVA-ASSOCIAÇÃO TÉCNICA DOS VITICULTORES ALENTEJO; AVIPE - ASSOCIAÇÃO DE VITICULTORES DO CONCELHO DE PALMELA; JORGE MANUEL PAIS DE FIGUEIREDO VIEIRA GRAÇA; JOSE MARIA DA FONSECA, SUCESSORES-VINHOS S.A.; QUINTA DA AROEIRA, SAG LDA; QUINTA DE LOUROSA - SOCIEDADE AGRICOLA LDA; QUINTA DO GRADIL - SOCIEDADE VITIVINICOLA, S.A.;
Em Portugal, nos últimos anos, tem-se observado um decréscimo da sustentabilidade da cultura da vinha, nomeadamente na produção de uvas para vinho. Esta baixa sustentabilidade é devida a vários fatores: - baixa produtividade das vinhas (ca. 4 t/ha/ano), fazendo com que a área necessária para produzir uma unidade de massa de uvas seja muito elevada, contribuindo, assim, para uma elevada Pegada Ecológica das uvas produzidas; - escassez e aumento significativo dos custos de mão-de-obra (a poda contribui com cerca de 30-35% dos custos anuais da cultura), com efeitos negativos na sustentabilidade económica da atividade; - os atuais sistemas de condução da vinha privilegiam a compactação da folhagem promovendo condições de microclima do coberto mais favoráveis ao desenvolvimento de doenças criptogâmicas, que implicam maior número de tratamentos fungicidas, com consequente aumento dos custos de produção e da Pegada Ecológica das uvas produzidas; - a mobilização frequente do solo promove a mineralização da matéria orgânica, reduzindo a fertilidade do solo e aumentando as emissões de CO2 para a atmosfera; - a não utilização de práticas culturais que, simultaneamente, promovam a produtividade da vinha, através do aumento da fertilidade do solo, e contribuam para o sequestro de carbono, como a aplicação de fontes exógenas de matéria orgânica ao solo (corretivos orgânicos) e a manutenção de um coberto vegetal sobre toda a superfície do solo. Este Grupo Operacional tem como objetivo desenvolver um processo e um produto que contribuam para melhorar a sustentabilidade da cultura da vinha. O processo de Intensificação Sustentável da Vitivinicultura visa o aumento da produtividade da vinha e a redução do seu impacto ambiental, possibilitando a criação de um novo produto: "Vinho de Uvas de Baixa Pegada Ecológica e Carbono Zero". Neste contexto, o novo produto a desenvolver, pretende responder à crescente consciência ambiental por parte dos consumidores que tem levado a um aumento da procura por produtos agrícolas obtidos a partir de sistemas de produção mais sustentáveis. O aumento da sustentabilidade poderá ser atingido com a conjugação dos aspetos enunciados de seguida: i) Aumento da produção e redução de custos, através da poda mecânica. A mecanização integral da operação de poda na vinha é uma tecnologia que permite reduzir significativamente os custos de mão-de-obra e aumentar a produtividade, sem reduzir a perenidade da videira e mantendo a qualidade do vinho. Para além disso, a poda mecânica, ao melhorar o microclima do coberto e reduzir a dimensão dos bagos, diminui a necessidade de tratamentos fitossanitários. Também ao nível do sistema de armação, as vinhas preparadas para a poda mecânica necessitam de menos materiais, pois não há arames para condução da vegetação e os postes são mais baixos que nas vinhas tradicionais (o cordão é formado no topo do sistema de armação, a cerca de 1,4m do solo). No entanto, o sucesso da implementação de sistemas de poda mecânica está dependente da otimização multidisciplinar de todo o processo produtivo, sendo de destacar os aspetos relacionados com a intensidade da poda, a fertilidade dos solos (que permita potenciar os acréscimos de produção) e os sistemas de proteção fitossanitária contra pragas cuja intensidade de ataque pode ser potenciada nas vinhas com poda mecânica (e.g. cochonilhas) ii) Melhoria da fertilidade e aumento do sequestro de carbono nos solos vitícolas. O aumento do teor de matéria orgânica do solo pode ser conseguido por três vias: 1) não mobilização do solo e manutenção do enrelvamento da vinha, seja ele espontâneo ou semeado; 2) não remoção da lenha de poda da parcela e trituração no local; 3) aplicação de matéria orgânica de origem exógena à vinha. iii)- Otimização do sistema cultural, através da viticultura de precisão. A otimização do sistema cultural será mais eficiente e eficaz (económica e ambientalmente) com o recurso a ferramentas de viticultura de precisão. Assim, através da cartografia do vigor por NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) será possível: - ajustar a intensidade da poda mecanizada (maior ou menor distância das laminas de corte relativamente ao cordão) em função do vigor; - ajustar as quantidades de fertilizantes orgânicos a aplicar localmente, adequando-as ao objectivos pretendidos em termos da relação produtividade/qualidade; - aumentar a eficiência dos métodos de amostragem para estimativa do risco e tomada de decisão, em proteção integrada da vinha, reduzindo a necessidade de aplicação de inseticidas, para além de permitir ajustar a sua aplicação em função da distribuição espacial das pragas.
Pretende-se, com esta iniciativa, contribuir para a intensificação sustentável da vitivinicultura em Portugal, através de inovação tecnológica, centrada na mecanização da poda das vinhas para vinho e no aumento do teor de matéria orgânica do solo, que permita produzir "vinhos de uvas de baixa Pegada Ecológica e Carbono Zero". Esta redução da Pegada Ecológica advirá do aumento da produtividade das vinhas (maior Biocapacidade), do aumento do sequestro de carbono no solo e da redução das emissões (menor Pegada de Carbono) resultante do menor uso de fitofármacos e da diminuição do volume de materiais usados na armação da vinha. Paralelamente, conseguir-se-á o aumento da produtividade e a redução dos custos de produção, com manutenção da qualidade.
Para o efeito, desenvolver-se-ão numa abordagem multidisciplinar ações de demonstração/experimentação sobre mecanização da poda de vinhas para vinho, tendo em vista otimizar a produção de uva e a qualidade do vinho obtido, com recurso à viticultura de precisão, com os seguintes objetivos:
- produzir vinhos de uvas de baixa Pegada Ecológica e Carbono Zero;
– aumentar a produtividade das vinhas e reduzir a necessidade de tratamentos fitossanitários, através da mecanização integral da operação de poda;
– aumentar o teor de matéria orgânica e a fertilidade dos solos de vinhas sujeitas a poda mecânica, potenciando o incremento de produtividade e da sua capacidade de sequestro de carbono;
– definir métodos de estimativa do risco expeditos para as pragas que podem ser potenciadas no contexto da poda mecânica. Otimizar os meios de proteção ambientalmente sustentáveis contra essas pragas (e.g., proteção biotécnica, biológica);
- optimizar o sistema cultural, recorrendo à viticultura de precisão, nomeadamente no que toca à distribuição espacial da carga à poda e dos fertilizantes orgânicos em função do vigor e dos tratamentos fitossanitários em função do nível de infestação da cultura;
– maximizar a qualidade das uvas de baixa Pegada Ecológica.
No entanto, é necessário adaptar o novo sistema cultural à realidade vitivinícola de cada região, pelo que, no âmbito da iniciativa, instalar-se-ão oito campos de demonstração (nas diferentes regiões vitivinícolas envolvidas) onde se desenvolverão as ações de demonstração e experimentação necessárias para a otimização da tecnologia.
O Grupo Operacional IntenSusVITI tem como objetivos:
- desenvolver um processo de Intensificação Sustentável da Vitivinicultura visando o aumento da produtividade da vinha através de inovação tecnológica, centrada na mecanização da poda, na otimização do sistema cultural com o recurso a ferramentas de viticultura de precisão, no sequestro de carbono nos solos vitícola e na redução do seu impacto ambiental;
- criar um novo produto: “Vinho de Uvas de Baixa Pegada Ecológica”.
Ações de demonstração e divulgação dos resultadosAções de demonstração e divulgação dos resultados: