Inovação para a Agricultura

Rede Rural Nacional - Página do FacebookRede Rural Nacional - Página do TwitterRede Rural Nacional - Página do InstagramRede Rural Nacional - Canal do Youtube
S1.png
S2.png
S3.png
S5.png
S6.png
S7.png
S8.png
S9.png
S10.png
S11.png
S12.png
S13.png
S14.png
S16.png
previous arrow
next arrow

NAT-OMEGA3. Desenvolvimento de gama de produtos lácteos, naturalmente enriquecidos em ácidos gordos polinsaturados Ómega 3 por via nutricional, promotores da saúde humana, bem-estar animal e sustentabilidade económica e ambiental das explorações leiteiras

Entidade líder do projeto: FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
Responsável pelo projeto: Luis Tavares
Site do projeto: http://www.natomega3.com/
Área do plano de ação: Bovinicultura
Parceiros:

EUROCEREAL-COMERCIALIZACAO DE PRODUTOS AGRO-PECUARIOS S.A.; JERÓNIMO MARTINS - LACTICÍNIOS DE PORTUGAL, S.A.; VIVALEITE - COOPERATIVA DE PRODUTORES DE LEITE, CRL.

Data de início do projeto: 01-01-2018
Data de fim do projeto: 31-12-2022

Prioridade do FEADER: P3A) aumento da competitividade dos produtores primários mediante a sua melhor integração na cadeia agroalimentar através de regimes de qualidade, do acrescento de valor aos produtos agrícolas, da promoção em mercados locais e circuitos de abastecimento curtos, dos agrupamentos e organizações de produtores e das organizações interprofissionais;
Identificação do problema ou oportunidade que se propõe abordar:

A produção leiteira nacional enfrenta uma crise de sustentabilidade económica, resultante da progressiva quebra no consumo humano de leite de vaca, do aumento das importações de produtos lácteos de baixo custo e da recente abolição das quotas leiteiras na CE. Estes fatores originaram um excesso de oferta no mercado, com a consequente diminuição do preço à produção e a restrição à entrega de leite à indústria. O atual preço do leite de vaca à produção coloca os criadores na marginalidade da sustentabilidade económica e obriga a um desinvestimento com impacto social (despedimento de colaboradores), que frena o melhoramento e inovação. As restrições colocadas pelos industriais de lacticínios ao volume de entregas de leite, têm obrigado os criadores a diminuírem a sua produção por diversas vias, incluindo a redução do número de ordenhas diárias e o refugo precoce de animais. Esta situação exige a implementação de medidas de otimização da produção, sobretudo os fatores que mais afetam a eficiência económica da exploração (fertilidade, saúde, nutrição). Por outro lado, urge estimular a inovação através do desenvolvimento de produtos diferenciados e que reabilitem a imagem do leite nacional aos olhos do consumidor. Neste contexto, surge a oportunidade de produzir um tipo de leite e seus derivados que, mercê dos seus benefícios para a saúde humana, o bem-estar animal e o  ambiente, tenha um efeito estimulante do consumo e traga uma mais-valia económica a todos os patamares da fileira produtiva, quer diretamente através do preço diferenciado de venda, quer indiretamente através da otimização da fertilidade, saúde e longevidade das vacas leiteiras. Esta iniciativa resulta também da oportunidade de direcionar novos produtos lácteos inovadores e mais saudáveis, para uma população crescente de consumidores mais esclarecidos e que privilegiam a qualidade alimentar, a proteção da saúde humana, bem-estar animal, preservação do ambiente e equidade social.


Objetivos visados:

Esta iniciativa conjuga o empreendedorismo e cooperação empresarial dos sectores da nutrição animal, produção primária, transformação e comercialização de lacticínios, para desenvolver produtos inovadores de valor acrescentado para todos os níveis da fileira. O objetivo final desta iniciativa é o desenvolvimento de um novo tipo de leite de vaca e seus derivados, naturalmente ricos em agpΩ-3, que promovam simultaneamente a saúde do consumidor, a fertilidade, saúde e bem-estar animal, a eficiência zootécnica e económica da exploração bovina leiteira, a proteção ambiental, e que gerem uma mais-valia económica para os agentes envolvidos no circuito de produção e comercialização do leite e seus derivados.

Isto engloba a obtenção dos seguintes objetivos parciais:

i) Formulação da alimentação das vacas, incluindo fontes naturais ricas em agpΩ-3 que garantam uma absorção acrescida de agpΩ-3 e a sua excreção no leite;

ii) Obtenção de leite naturalmente enriquecido em agpΩ-3 de uma forma consistente e regular ao longo do ano, e que proporcione pelo menos os níveis mínimos recomendados pela OMS/FAO;

iii) Desenvolvimento de produtos lácteos utilizando o leite enriquecido em agpΩ-3, com boa estabilidade e avaliação sensorial, que garanta aceitação pela indústria e pelo consumidor;

iv) Aumento da eficiência reprodutiva da exploração;

v) Melhoria da saúde e bem-estar animal, avaliados pela redução da morbilidade e mortalidade e pelo aumento da longevidade produtiva das vacas leiteiras;

vi) Redução da taxa de refugo e consequente diminuição da retenção de animais para substituição, desta forma disponibilizando-os para venda;

vii) Redução das emissões de metano por vaca e por exploração;

viii) Aumento da eficiência económica da exploração leiteira como resultado das alíneas anteriores.


Sumário do plano de ação:

Pretende-se produzir leite de vaca (e seus derivados) naturalmente rico em ácidos gordos polinsaturados ómega 3 (agpΩ-3), por via da nutrição, que promova a saúde dos consumidores, a saúde e bem-estar animal, a eficiência reprodutiva, produtiva e económica da exploração leiteira e a sua sustentabilidade ambiental, simultaneamente originando produtos diferenciados de valor acrescentado para toda a fileira produtiva. Os efeitos benéficos dos agpΩ-3 estão bem documentados e antecipa-se que melhorarão a fertilidade, saúde e longevidade das vacas, com reflexo positivo na economia da exploração leiteira. Os lacticínios ricos em agpΩ-3 contribuirão para a cobertura das necessidades humanas nestes agp essenciais que promovem a saúde. As modificações operadas no metabolismo ruminal reduzem a descarga de metano de origem animal e o seu impacte ambiental. Ao nível do consumidor, pretende-se contribuir para a re-habilitação da imagem do leite e para a estimulação do seu consumo.


Pontos de situação / Resultados:

Em conclusão, a parceria 84 e iniciativa 167 representaram um consórcio englobando uma instituição do sistema científico e tecnológico, uma cooperativa leiteira, uma empresa da indústria alimentar para animais e uma empresa da transformação e comercialização de produtos lácteos, para desenvolver um novo conceito de leite e produtos lácteos dele derivados, naturalmente enriquecidos em agpΩ-3. O projeto desenvolvido pretendeu responder à crise no setor leiteiro, criando um produto diferenciado e de valor acrescentado para a fileira, com fácil aceitação pelo consumidor e sociedade, pelos seus efeitos benéficos na saúde humana, saúde e bem-estar animal e ambiente.

De facto, é do conhecimento científico atual que a ingestão de agpΩ-3, e em particular de EPA+DHA, é benéfica por exemplo para a prevenção da doença cardiovascular e desenvolvimento fetal e primeiros anos de vida (relatório conjunto FAO e OMS, 2010), sendo que a European Food Safety Authority (EFSA) recomenda a ingestão de 250 mg/dia de EPA+DHA para a população em geral. São também do conhecimento científico os benefícios da alimentação de vacas leiteiras com fontes de agpΩ-3 sobre a fertilidade e a saúde e a redução da produção de metano ruminal e sua descarga atmosférica, este facto relevante devido à contribuição do metano atmosférico para o efeito de estufa.

Os objetivos do projeto eram e são ambiciosos e inovadores. Os resultados obtidos, em primeiro lugar, demonstraram que é possível produzir um suplemento alimentar rico em agpΩ-3 e também especificamente em EPA+DHA, que seja parcialmente protegido da biohidrogenação ruminal e tenha absorção intestinal (como é evidenciado pelos teores sanguíneos), ficando disponível para os tecidos edíveis. Estes suplementos não diminuíram a palatibilidade ao alimento final das vacas, tendo inclusive estimulado a ingestão, não afetando igualmente a produção de leite. Em segundo lugar, os resultados evidenciaram que a suplementação alimentar das vacas leiteiras em período crítico do pós-parto, teve um efeito benéfico na saúde geral e fertilidade, demonstrando os efeitos previstos na saúde e bem-estar animal. Em terceiro lugar, os resultados demonstraram a transferência dos agpΩ-3 e especificamente do EPA+DHA para a secreção mamária, onde alcançaram níveis lácteos triplos ou quádruplos das concentrações de vacas não suplementadas. Finalmente, o leite produzido, em regime industrial, não alterou as demais características e o produto lácteo produzido (manteiga) também apresentou um aumento significativo dos teores de agpΩ-3 e especificamente do EPA+DHA.

Como aspetos não conseguidos do projeto, destaca-se a impossibilidade de demonstrar os efeitos sobre as emissões de metano, por não ter sido considerado elegível para a iniciativa a aquisição do equipamento para a sua mensuração. Também um resultado não conseguido foi a obtenção de concentrações de agpΩ-3 e especificamente de EPA+DHA que permitam uma alegação legal de “alto teor em agpΩ-3 e/ou EPA+DHA”. De facto, de acordo com o Regulamento (CE) nº 1924/2006, aditado pelo Regulamento (UE) Nº 116/2010, relativo às alegações nutricionais e de saúde sobre os alimentos, uma alegação de que um alimento tem alto teor de agpΩ-3, ou qualquer alegação que possa ter o mesmo significado para o consumidor, só pode ser feita quando o alimento contiver, pelo menos, 0,6 g de ácido alfa-linolénico por 100 g e por 100 kcal, ou pelo menos 80 mg de EPA+DHA por 100 g e por 100 kcal. Também de acordo com os mesmos regulamentos, uma alegação de que um alimento é uma fonte de agpΩ-3 só pode ser feita quando o produto contiver, pelo menos, 0,3 g de ácido alfa-linolénico por 100 g e por 100 kcal, ou pelo menos 40 mg de EPA+DHA por 100 g e por 100 kcal. Estes teores não foram atingidos no leite e na manteiga.

Em balanço final conclui-se que foi desenvolvida tecnologia de proteção ruminal para produção de suplementos alimentares enriquecidos em agpΩ-3 e EPA+DHA, que administrados a vacas leiteiras, são palatáveis e estimulam a ingestão, não prejudicam a produção leiteira e não afetam as características do leite, potenciam a saúde, fertilidade e bem-estar animal. O leite contêm teores significativamente superiores de agpΩ-3 e EPA+DHA e isto reflete-se igualmente na manteiga dele derivada, o que potencialmente terá efeitos benéficos na saúde do consumidor.

Como perspetivas futuras, o consórcio continuará a desenvolver a tecnologia de produção de suplementos enriquecidos em agpΩ-3 e EPA+DHA por forma a otimizar a transferência para o leite de teores superiores daqueles compostos. A divulgação mais ampla destes resultados contribuirá para a formação, alicerçada cientificamente, da opinião pública e sociedade acerca da valorização dos lacticínios e poderá reabilitar a imagem do leite aos olhos do consumidor e estimular o consumo de produtos lácteos. Ao nível da transformação, distribuição e comercialização, surge a janela de oportunidade de apresentar produtos inovadores, alicerçados no conceito da promoção da saúde humana, bem-estar animal, sustentabilidade ambiental e social, dirigido a uma população crescente de consumidores esclarecidos e exigentes.

Publicações

Fotos

ANEXO 1 foto reunião NATOMEGA3 18 janeiro 2019 

Foto reunião NATOMEGA3 18 janeiro 2019

 

ANEXO 2 foto reuniao NATOMEGA3 15 setembro 2021
Foto reuniao NATOMEGA3 15 setembro 2021