Universidade de Aveiro; Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID)
Em Portugal, o sector da uva para vinho tem uma relevância económica, social e cultural crucial, especialmente em muitas regiões do interior do país. Uma delas é a região do Alto Douro Vinhateiro, que é a mais antiga região vitivinícola do mundo (a partir de 1756). Devido à mudança climática global, é cada vez mais aceite que as condições futuras do verão nos países mediterrâneos sofrerão um aumento na aridez, exacerbando os efeitos negativos mencionados acima. Nas regiões vitivinícolas, particularmente na Região Demarcada do Douro, onde parte do território já se encontra em máxima resistência ao stress, este efeito pode comprometer a viabilidade económica e social. Como as práticas de mitigação do stress no verão, algumas explorações investiram na rega. No entanto, dadas as altas limitações naturais dos recursos hídricos e a topografia acidentada da região, os sistemas de captação e distribuição de água em larga escala envolvem altos custos e são ambientalmente insustentáveis. Portanto, sem desconsiderar a importância que a rega da vinha pode ter na melhoria do desempenho da videira, é crucial desenvolver alternativas de mitigação, não apenas em termos económicos, mas também em termos de qualidade da uva e sustentabilidade ambiental. Entre essas alternativas de mitigação, houve um grande esforço empreendido pela comunidade científica para estudar o efeito de substâncias inorgânicas na melhoria do microclima e das relações hídricas das folhas.
Descritores: Alterações climáticas; Vinha; Douro; Mitigação; Adaptação
O projeto ClimVineSafe, tem como objetivo desenvolver um modelo que perspetive as alterações climáticas à escala da Região Demarcada do Douro e estudar estratégias culturais de curto prazo, para minimizar os efeitos dessas alterações climáticas na viticultura mediterrânica..
No clima futuro são projetados aumentos significativos dos índices térmicos, enquanto nos índices de base pluviométrica são projetadas diminuições, em particular sobre o interior sul de Portugal. Pelo exposto é previsível que nas próximas décadas ocorra uma redistribuição das regiões vitivinícolas portuguesas, destacando-se, por conseguinte, a necessidade de desenvolver atempadamente medidas adequadas de adaptação e/ou mitigação ao nível das castas e dos porta-enxertos recomendados, bem como ao nível das práticas culturais, para ajudar a manter a tipicidade dos vinhos.