AMORIM FLORESTAL, SA; CASA AGRÍCOLA DA HERDADE DO CONQUEIRO S.A.; COMPANHIA AGRICOLA DA APARICA SA; COMPANHIA AGRICOLA DAS POLVOROSAS, S.A.; FRUTICOR - SOCIEDADE AGRICOLA DE FRUTAS E CORTICAS S.A.; HERDADE DO PINHEIRO, S.A.; HERDADE MACHOQUEIRA DO GROU CRL; INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DAS FLORESTAS, I.P ; INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA E VETERINÁRIA IP; SOCIEDADE AGRICOLA DE CORTICAS FLOCOR SA; UNAC - UNIÃO DA FLORESTA MEDITERRÂNICA; UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA; Z E A - SOCIEDADE AGRICOLA UNIPESSOAL, LDA
A produção mundial de cortiça tem vindo a diminuir em quantidade e qualidade com inerente impacto económico. Este facto deve-se à perda de vitalidade dos sobreiros (Quercus suber) ao longo das últimas décadas atribuída a más práticas de gestão, maior ocorrência de agentes bióticos nocivos, alterações climáticas, entre outros. A preservação do sobreiro e do ecossistema Montado é imprescindível para que possamos continuar a usufruir não só da cortiça produzida mas também de um património valioso para as populações da Bacia Mediterrânica. A rentabilidade da exploração de cortiça está diretamente relacionada não só com a quantidade produzida mas, também, com a sua qualidade.
A qualidade da cortiça, definida como a sua adequação tecnológica aos produtos a que se destina, constitui um fator determinante da rentabilidade de todo o sector económico ligado a esta matéria-prima sendo um dos objetivos principais dos produtores e industriais. Como referido, a produção mundial de cortiça tem vindo a diminuir, estimando-se atualmente uma produção de 220 mil toneladas de cortiça amadia, valor inferior em cerca de 40% ao da produção de1970. A amadia é considerada a cortiça rentável, sendo obtida a partir do terceiro descortiçamento em sobreiros com mais de 40 anos, e que eventualmente poderá ter a qualidade exigida para a produção de rolhas. Tem-se verificado não só uma redução na produção de cortiça, devido a fenómenos de mortalidade, mas também uma redução na qualidade da mesma, comprometendo a demanda de rolhas naturais no mercado global. Além disso, a redução, tanto na quantidade como na qualidade de cortiça poderá ter efeitos bastantes negativos na manutenção dos povoamentos por parte dos produtores, que eventualmente poderão optar por outras espécies florestais ou votar ao abandono as suas áreas.
Pelas razões acima referidas, a possibilidade de se poder extrair cortiça precocemente, respeitando o perímetro estipulado por lei para a desbóia (primeiro descortiçamento - 70 cm a 1.30m de altura do fuste) e sem danos para a árvore, poderá melhorar a capacidade de resposta do mercado corticeiro às necessidades de procura do produto a médio prazo, favorecendo toda a fileira da cortiça, desde os produtores, transformadores e compradores, incluindo o meio rural e os trabalhadores, cuja economia está ligada a este sector.
Considerando o acima exposto, o presente Grupo Operacional pretende, através da transferência, aperfeiçoamento e monitorização de um conceito de gestão silvícola recentemente desenvolvida, nomeadamente através da fertirrigação de novas áreas florestais de sobro, demonstrar uma oportunidade a todos os envolvidos diretamente no presente consórcio bem como aos demais stakeholders da fileira da cortiça, evidenciando e envolvendo diretamente todos os potenciais interessados na transferência/intercâmbio de conhecimentos técnico-científicos recentes no sentido de possibilitar e validar um novo conceito, já numa escala de adoção a nível dos produtores florestais, centrado na fertirrigação controlada de novas plantações florestais de sobro.
Com esta iniciativa pretende-se (1) conhecer a possibilidade de antecipar aprodução de cortiça em novas plantações de sobreiros com fertirrega, de forma rentável, (2) avaliar o efeito da fertirrega na formação, produção e qualidade da cortiça utilizando para isso plantações já existentes com sobreiros adultos ou em situação pré-desbóia e, (3) proceder à transferência de conhecimento técnico científico gerado neste Grupo Operacional para a instalação de novos povoamentos de sobreiros com recurso à introdução da fertirrega.
Para a concretização destes objetivos serão monitorizadas diferentes áreas de experimentação, das quais 5 constituirão áreas de “ensaios piloto” – Herdade do Corunheiro (FRUTICOR), Herdade do Conqueiro (Casa Agrícola da Herdade doConqueiro, S.A), Herdade da Machoqueira do Grou (Machoqueira do Grou, Lda) e Herdade da Mitra (ZEA) e outras 5 áreas que irão já numa escala de “produção comercial com fins lucrativos” avançar com 5 novas plantações. Para dar resposta ao ponto (1), i.e., de modo a reduzir o período que antecede a desbóia através da fertirrega, será utilizado o conhecimento gerado no “ensaiopiloto 1” (AP1) de fertirrega em curso na Herdade do Corunheiro (parceria comAmorim Florestal e Fruticor) que será aplicado a novas plantações de sobreiros.
Neste ensaio, com sobreiros com 3,5 anos, já existente localizado em Coruche numa herdade pertencente ao parceiro Fruticor decorrem vários testes de fertirrega para avaliação da melhor e mais eficiente relação crescimento dos sobreiros/economia de água. A metodologia e a informação obtida será transferida e implementada na condução das áreas de “produção comercial comfins lucrativos” (novas plantações intensivas de sobreiro – num total de cerca de180 ha) nomeadamente na Herdade do Pinheiro do Divor (Coruche), HerdadeCortes Valentes (Monte do Trigo), Herdade do Pinheiro (Alcácer do Sal), Herdadedos Deuses (Portel) e Herdade do Conqueiro 2 (Avis). Nestas áreas recentemente instaladas (com recurso autofinanciamento por capitais próprios das respetivas entidades promotoras) serão conduzidos povoamentos de acordo com o conhecimento transferido do ensaio piloto 1 (AP1) tendo como objetivo principal, a redução do período que antecede a desbóia, através da fertirrega. Este conhecimento será, por sua vez, complementado e aperfeiçoado ao longo do desenvolvimento do presente Grupo Operacional. As “áreas de produção com fins lucrativos” terão, como objetivo principal, a redução do período que antecede a desbóia, através da fertirrega.
Complementarmente ainda no decorrer do grupo operacional irão ser realizados testes de inoculação e produção de plantas melhoradas (Sobreiros), germinadas em viveiros do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), de acordo com a metodologia desenvolvida pela Universidade Católica Portuguesa e com um substrato específico e tratamentos ao nível da germinação a ser transferido e aplicado em áreas limitadas de alguns parceiros. O ICNF e a Universidade Católica Portuguesa (UCP) terão um papel relevante neste projeto ao nível da produção de plantas melhoradas e adequadas a cada condição específica de futuros novos locais de produção comercial a instalar por parte de outros potenciais interessados. Para dar resposta ao ponto (2), o calibre e qualidade da cortiça serão avaliados nos povoamentos jovens e adultos com fertirrega já instalada, ou a instalar. À Herdade do Conqueiro 1 (CAConqueiro) pertence o ensaio piloto com sobreiros jovem/adultos, que estão em regime de fertirrega desde a sua instalação, há 15 anos (área piloto 2 – AP2).
Neste ensaio há árvores em situação de pré e pós desbóia e algumas árvores adultas já com cortiça amadia, ou seja que já tiveram 3 descortiçamentos em apenas 15 anos. Análises preliminares à cortiça proveniente deste ensaio em fertirrega revelaram um aumento significativo do calibre, que aos 4 anos atinge valores similares ao de 9 anos de árvores em sequeiro. No entanto, para se analisar com precisão o efeito da fertirrega no calibre e qualidade da cortiça, excluindo-se outros fatores importantes como as características ambientais e dos sobreiros, será necessário instalar sistemas de fertirrega noutras condições edafo-climáticas e onde já há conhecimento prévio fertirrega noutras condições edafo-climáticas e onde já há conhecimento prévio do calibre e qualidade da cortiça de cada sobreiro. Nos sobreiros dos montados da Machoqueira do Grou (área piloto 3 - AP3) e da Herdade da Mitra (área piloto 4 –AP4) há povoamentos adultos em sequeiro que têm sido acompanhados desde1996. Num outro povoamento localizado na Herdade da Mitra (área piloto 5 -AP5), com 20 anos de idade em situação pré-desbóia irá ser também instalado um sistema de fertirrega. Esta área piloto possui sobreiros onde são anualmente medidos os seus crescimentos biométricos desde o ano da sua instalação (1996). De facto, a vasta base de dados (equivalente à monitorização de 60.5 hectares de Montado de Sobro) de que a equipa da UE dispõe - 66 parcelas permanentes instaladas na Herdade Machoqueira onde já se acompanharam 3 descortiçamentos (com ciclos de 9 anos) e 2 parcelas na Herdade da Mitra, 1 parcela no Sítio de Cabeção, 1 parcela no Sítio da Contenda, 1 parcela em Sines e mais 15 parcelas de 1 hectare cada, espalhadas pelo território nacional (parcelas permanentes de um projeto anterior “Agroreg”) representa uma mais-valia para esta iniciativa, tendo em conta os longos ciclos de produção do sobreiro. Conhece-se a qualidade e calibre da cortiça de cada um dos sobreiros, as características ambientais em que cresceram e o seu crescimento em diâmetro. Nestes ensaios (AP2; AP3; AP4 e AP5), a instalação de fertirrega permitirá acompanhar anualmente, em cada sobreiro, a produção da nova cortiça, em calibre e qualidade, antes e depois da fertirrega. As análises da qualidade da cortiça serão feitas nos laboratórios da Amorim Florestal. No entanto, convém referir que a instalação de fertirrega nestas áreas com sobreiros adultos é apenas com o propósito de antecipar conhecimento técnico-científico do efeito da fertirrega na qualidade da cortiça. Não é intuito deste projeto converter montados ou florestas de sobro adultas em sequeiro, para a fertirrega. Os objetivos previstos no ponto (3) serão alcançados com as atividades previstas no ponto (1), onde se fará transferência do conhecimento na condução das “áreas de produção com fins lucrativos” bem como pelo conjunto de atividades previstas no Plano de Demonstração e Disseminação abaixo justificado com mais detalhe e onde existirão várias ações de sensibilização de transferência de conhecimento e disseminação de resultados junto de diversos produtores florestais nacionais, comum apoio ativo suplementar e de relevância por algumas entidades cooperantes internacionais, como é o caso do CYCITEX - Centro de Investigações Científicas e Tecnológicas da Extremadura que tem como objetivo principal, servir de apoio ao sector empresarial estremenho para a incorporação de I&D nos seus processos produtivos. (verificar no formulário online submetido a inserção de protocolo de colaboração com uma entidade sediada em Espanha).
Avaliar as respostas dos sobreiros jovens (entre os 3 e os 10 anos, nunca descortiçados e entre os 13 e 17 anos em situação de pré e pós desbóia) e adultos (30 e 50 anos de idades, descortiçados) a diferentes de tratamentos de rega (de superfície e em profundidade) com base na medição suas taxas de crescimento e na produção (calibre) e qualidade da cortiça produzida.
Principais resultados
A iniciativa visou três grandes objetivos, dos quais de apresentam os resultados principais (disponíveis aqui):
(1) Conhecer a possibilidade de antecipar a produção de cortiça em novas plantações de sobreiros com fertirrega, de forma rentável.
Resultados: A fertirrega tem papel crucial no crescimento das árvores durante o verão, mostrando a elevada plasticidade das árvores às condições ambientais. Estas são capazes de manter o crescimento radial no verão mesmo em condições meteorólogas adversas, como em dias quentes e secos, desde que tenham acesso a água no solo.
Assim, a promoção do crescimento com recurso à fertirrega mostrou-se eficaz nas condições dos ensaios-piloto, levando à antecipação do primeiro descortiçamento. De facto, o ensaio-piloto Regasuber, instalado em 2014, tece o descortiçamento iniciado aos 9 anos, em Junho de 2023.
A rentabilidade tem sido analisada utilizando as contas de cultura fornecidas e os dados de crescimento das árvores dos ensaio. Realizaram-se simulações para as várias situações encontradas, uma vez que a maior parte dos ensaios ainda não entrou na fase de produção. As simulações indicam boa rentabilidade em determinadas condições edofoclimáticas, variando conforme o valor da cortiça, dos custos iniciais e de manutenção.
(2) Avaliar o efeito da fertirrega na formação, produção e qualidade da cortiça utilizando para isso plantações já existentes com sobreiros adultos ou em situação pré-desbóia.
Resultados: As análises preliminares da cortiça resultante dos ensaios em fertirrega não mostrou diferenças significativas relativamente à densidade, mas detetou diferenças ao nível da porosidade e da espessura das paredes celulares. Estas diferenças, após o tratamento em fábrica, não retiraram qualidade à cortiça para a produção de rolhas naturais. No entanto, esta análise é exploratória, pois são necessárias mais amostras de outros ensaios, por forma a introduzir mais árvores com outro material genético e noutras condições edafoclimáticas que possam influenciar as características da cortiça.
(3) transferência de conhecimento para a instalação de novos povoamentos de sobreiros com fertirrega.
Resultados: Dentro o projeto, o conhecimento foi transferido dos ensaio-piloto para os ensaios com fins comerciais. Adicionalmente, foram realizadas parcerias fora do G.O. para instalação de novas áreas de sobreiro com fertirrega.
A equipa líder desenvolveu um projeto para o Alentejo2020 totalmente direcionado para a divulgação destes resultados, o RegaCork-TraDE.
Cooperação Transnacional
Através do protocolo com o Centro de Investigaciones Científicas y Tecnológicas de Extremadura (CICYTEX), proporcionou-se a participação como consultores no G.O. Fertirriego, Extremadura, Espanha, onde se instalaram 4 áreas com fertirrega de sobreiros, cada uma com características únicas, e foram testadas novas metodologias de descortiçamentos, contribuindo-se para o aumento e disseminação do conhecimento relativo à fertirrega de sobreiros.
Apreciação global
No âmbito deste projeto foi possível atingir os objetivos visados, resultado da boa execução e interligação das tarefas propostas.
Considera-se elevado grau de viabilidade e implementação de novas plantações de sobreiros em fertirrega desde que se verifiquem as condições necessárias inicialmente previstas, como acesso a água de superfície (zonas limítrofes de agricultura de irrigação) e condições edafoclimáticas favoráveis. O projeto, com o financiamento concluído em 2022, tem sido continuado através de contratos-parcerias e outros financiamentos, mantendo-se a monitorização dos ensaios envolvidos e a consolidação do conhecimento, o que indica o sucesso deste Grupo Operacional.
Placas Informativas
Artigos
Notícias internacionais
Notícias nacionais – Entrevistas em jornais/ revistas (online).
Notícias nacionais – entrevistas para a rádio
Notícias nacionais – Programas e entrevistas para a televisão
Newsletters de divulgação nas páginas web de algumas entidades parceiras
Divulgação dos eventos (seminários)
Divulgação ficha de projeto