Um projeto europeu em curso, que junta 19 parceiros de 14 países e que em Portugal inclui a Universidade de Coimbra (UC) e o Centro da Biomassa para a Energia (CBE), quer criar uma Rede Europeia de Bioeconomia Circular.
Em nota de imprensa enviada hoje à agência Lusa, a UC explicou que o BioRural – iniciado em setembro de 2022 e que tem a duração de três anos, até 31 de agosto de 2025 – pretende “desenvolver um quadro de apoio à transição para uma bioeconomia circular sustentável, regenerativa e inclusiva, em toda a Europa”.
O projeto, que conta com um orçamento de três milhões de euros e que tem ainda como objetivo “apoiar os agentes de inovação na introdução de soluções biotecnológicas de pequena escala, em áreas rurais”, tem como responsáveis, na Universidade de Coimbra, uma equipa da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC).
Citado na nota de imprensa, João Santos, aluno de doutoramento e investigador do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da FCTUC, argumentou que a Europa rural “necessita urgentemente de uma mudança de paradigma”.
“Com a migração de um crescente número de pessoas para os centros urbanos nas últimas décadas, a atual distribuição demográfica é bastante desigual. As zonas rurais são habitadas por 30% da população europeia, ainda que correspondam a mais de 80% do território”, observou o investigador.
Além disso, de acordo com José Baranda Ribeiro, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da FCTUC, “a atividade económica da União Europeia (UE) é largamente dependente de sistemas de produção lineares e de recursos não renováveis. Apesar das inúmeras tentativas para reduzir essa dependência, o facto é que, por exemplo, só em 2018, os Estados da UE produziram 61,8 milhões de toneladas de plástico”.
Segundo a equipa da FCTUC, as consequências da combinação de uma economia linear com uma extensa urbanização “vieram agravar alguns dos problemas cronicamente sentidos pelas populações das áreas rurais, nomeadamente o elevado risco de pobreza, o acesso limitado a serviços e a infraestruturas básicas e os baixos níveis de formação”, em comparação com outras áreas da União Europeia.
Assim, o BioRural pretende contribuir para resolver estes desafios económicos, demográficos e climáticos, através do desenvolvimento e adoção de “soluções inclusivas que beneficiarão todas as áreas rurais europeias”, acrescentou.
Ainda de acordo com a equipa da FCTUC, o BioRural “existe para criar e promover as condições para a cooperação” entre vários intervenientes na cadeia da bioeconomia, desde agricultores, pescadores e silvicultores até empresas privadas, autoridades administrativas locais, escolas, universidades ou centros de formação, entre outros.
“Tirando partido de atividades como ações de divulgação, ações de formação, e de outras, com forte impacto nos vários intervenientes, o projeto BioRural colocará à disposição destes as fontes de conhecimento atualmente disponíveis”, adiantaram os investigadores.
Já o Centro da Biomassa para a Energia, localizado em Miranda do Corvo, no interior do distrito de Coimbra, numa nota publicada na sua página de internet, definiu o BioRural como a “criação de uma rede de trabalho europeia na área da bioeconomia rural, cujo interesse é promover o crescimento económico em zonas rurais, através de soluções de base biológica baseadas no conceito de economia circular”.
Segundo o CBE, as estratégias para operacionalizar o BioRural passam, entre outras, por uma “avaliação do ponto de situação atual da bioeconomia rural europeia” em áreas como a alimentação e agricultura, floresta e habitats naturais, sistemas aquáticos, bioenergia e biomateriais e “identificação dos fatores que influenciam a adoção de soluções inovadoras de base biológica em zonas rurais”.
O CBE explicou que os 14 países participantes são divididos por quatro regiões (noroeste, sudoeste, nordeste e sudeste), criando, deste modo, plataformas regionais de bioeconomia rural e, em seguida, pela combinação destas quatro regiões, o BioRural pretende formar uma rede de trabalho europeia.
As estratégias preconizadas passam ainda pela “identificação, estudo e divulgação de casos de sucesso de soluções de base biológica em zonas rurais, de forma a compilar exemplos de boas práticas para projetos similares”, bem como o auxílio “na transferência de conhecimento e construção de valências entre as partes interessadas”, com a promoção de ‘workshops’ a nível nacional, seguidos de ‘workshops’ das plataformas regionais de bioeconomia “e, por fim, de um concurso europeu de bioeconomia”.
O projeto BioRural é coordenado pelo Centro para a Investigação e Tecnologia (CERTH/Grécia) e inclui, para além dos parceiros portugueses, instituições da Alemanha, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, França, Itália, Letónia, Lituânia, Macedónia, Países Baixos, Polónia e Roménia.
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