A Dolmen participou, a 31 de março, num webinar de apresentação dos resultados obtidos no segundo ano de projeto do Grupo Operacional da Cereja de Resende, cofinanciado pelo PDR 2020, e cujo plano de ação está orientado para a criação de condições com vista à melhoria da capacidade competitiva da produção de Cereja de Resende, em diferentes cotas (baixa, média e alta) e a sua adaptação.
A iniciativa contou com a participação de Manuel Garcez Trindade, Presidente da Câmara Municipal de Resende, Berta Gonçalves, Ana Paula Silva e João Ricardo Sousa, investigadores do CITAB - Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas/UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Elsa Pinheiro, Coordenadora Geral da Dolmen, Francisco Guedes, da CERMOUROS - Cerejas de S. Martinho de Mouros, Lda e Armindo Pinto, produtor de cereja.
Manuel Garcez Trindade realçou a importância deste projeto, pela relevância económica que a produção de cereja assume neste município, desde logo pelas excelentes condições edafoclimáticas da região, que permitem ter uma produção de cereja temporã, afigurando-se este aspeto como uma enorme vantagem económica, sendo um aspeto diferenciador no posicionamento do produto no mercado. Relembrou ainda que dos trabalhos em curso, nos quais o município está desde a primeira hora, absolutamente empenhado, resultará um Manual de Boas Práticas, perspetivando-se que possa assumir-se como uma ferramenta de apoio à tomada de decisão por parte dos produtores.
O papel da Dolmen no projeto, marcado pelo envolvimento na investigação inicial e na disseminação do conhecimento, na promoção de ações de divulgação e de ações de Benchmarking, foi evidenciado na sessão de abertura, pela voz da Coordenadora Geral. Elsa Pinheiro destacou ainda o apoio que a Dolmen tem dado nomeadamente no âmbito do apoio da medida 10.2.1.1 - Pequenos Investimentos na Exploração Agrícola, canalizados através da DLBC Rural Douro Verde 2020, tendo sido aprovados até ao momento 17 candidaturas correspondendo a um investimento elegível de cerca de 350 mil euros, estando ainda em análise 9 candidaturas.
O papel da entidade no contexto da agricultura no território tem assentado igualmente na valorização da cereja através da sua promoção, assim como da comercialização de produtos transformados, produzidos a partir deste produto de excelência, como sejam os licores ou as compotas, escoados a partir das lojas dinamizadas pela Dolmen.
Relativamente aos temas apresentados, salienta-se a importância da instalação e condução de pomares de cerejeira. Na sessão, foi possível perceber que a produção sustentável e regular de cerejas de alta qualidade só é possível se forem ponderados diferentes fatores, desde logo a localização do pomar, exigindo um planeamento cuidadoso, isto porque a sua instalação envolve despesas muito elevadas e compromissos a longo prazo.
Foi ainda referida a importância da escolha acertada das variedades de cerejeira, em função da cota em que está instalado o pomar, sendo que numa cota mais baixa teremos cereja mais temporãs, tendo sido identificadas as seguintes variedades: a Nimba, Early Bigi, Burlat, Rocket e Brooks. Já se estivermos a falar de uma cota alta, deverão ser selecionadas variedades mais tardias, como seja a Skeera, Sweetheart e Staccato. Foi ainda deixado o alerta, relacionado com as variedades de cota baixa, que se destacam pela necessidade de frio, o que, tendo em conta as alterações climáticas, poderá constituir um desafio no futuro.
Referência ainda para a importância da polinização na produção, dado que sendo a cerejeira uma espécie muito exigente em matéria de polinização, é importante que a mesma seja cruzada, recomendando-se por isso, que sejam colocadas entre 4 a 8 colmeias por hectare.
Nesta iniciativa foi ainda apresentado o resultado do inquérito realizado junto dos produtores de Resende, tendo-se concluído que a maioria dos inquiridos produz entre 1 e 10 toneladas de cereja, enquanto que apenas 11% têm uma produção superior a 10 toneladas. Mais de 96% da produção de cereja em Resende concentra-se nos meses de maio e junho, alargando-se, no entanto, desde abril até julho.
Os trabalhos de investigação continuarão em curso até ao final de 2021, designadamente como o desenvolvimento de ações de demonstração em campo, com registos em vídeo, garantindo-se por esta via a necessária disseminação do conhecimento.
Fonte: Dolmen