Inovação para a Agricultura

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Controlo e minimização de prejuízos da espécie invasora Vespa velutina nigrithorax na produção apícola

Entidade líder do projeto: DOLMEN - DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL, CRL;
Responsável pelo projeto: Elsa Pinheiro (geral@dolmen.pt)
Site do projeto: https://www.go-vespa.pt/
Área do plano de ação: Apicultura
Parceiros:

ADER-SOUSA ASSOC DE DESENVOLVIMENTO RURAL DAS TERRAS DO SOUSA; ALIPIO DA FONSECA; ASSOCIAÇÃO DE APICULTORES DA SERRA DO MARÃO; ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES FLORESTAIS DE MONTEMURO E PAIVA; AVELINO LUÍS COELHO DA MOTA RIBEIRO; JOAQUIM MADUREIRA; MARÃO MEL - APICULTURA, LDA ;  MIRTILÂNDIA - SOCIEDADE AGRÍCOLA, LDA; UNIVERSIDADE DE TRÁS OS MONTES E ALTO DOURO;


Prioridade do FEADER: P4) Restaurar, preservar e melhorar os ecossistemas ligados à agricultura e à silvicultura;
Identificação do problema ou oportunidade que se propõe abordar:

A Vespa velutina (Vespa velutina nigrithorax) é uma espécie carnívora e predadora da abelha europeia (Apis Mellifera), encontrando-se, por enquanto, aparentemente circunscrita a concelhos do norte do País, com consequências que se manifestam no efetivo apícola, na produção de mel, na produção apícola de derivados e também com possíveis consequências na saúde pública, uma vez que sentindo-se ameaçadas reagem de modo bastante agressivo. Confirmada a introdução involuntária da Vespa velutina em Portugal em 2011 e visto tratar-se de uma espécie invasora carnívora, a sua ação predadora sobre a abelha europeia, associada à da vespa crabro, veio desestabilizar o ecossistema que está na base da produção de mel e produtos apícolas, através da diminuição do efetivo apícola e consequente redução da produção e qualidade do produto final, com consequências previsivelmente mais gravosas a médio e longo prazo, já que a destruição do ecossistema é gradual caso não sejam tomadas medidas que intervencionem na proliferação da espécie invasora. Através do recurso a ações de transumância de colmeias para áreas de montanha essencialmente ocupadas por espécies arbustivas, matos diversos, poder-se-á reduzir o acesso da Vespa velutina às colmeias e minimizar os prejuízos a nível da manutenção dos apiários e da produção apícola. Sendo uma espécie exótica com comportamento invasor, a redução das características ambientais e ecológicas que lhe são favoráveis levará a uma perda de condições de sobrevivência e de expansão e ao autocontrolo do seu avanço territorial.


Objetivos visados:

O objetivo central da presente iniciativa é a reposição do ecossistema anterior à introdução involuntária da Vespa Velutina, que coloca em causa a produção de mel e produtos apícolas, com recurso a novas técnicas a desenvolver em contexto de investigação científica e académica. Pretende-se também assegurar a sustentabilidade económica da atividade para os atuais apicultores; Recuperar o interesse da atividade por novos apicultores, potenciando a tão necessária criação de postos de trabalho, nomeadamente entre os jovens, no meio rural e em especial em zonas de montanha, com todas as vantagens em que tal se traduz. Continuar a garantir a produtividade dos pomares e o ecossistema vegetal, tão dependentes das nossas benéficas abelhas, é também um objetivo nobre deste projeto-piloto. Colaborar com as entidades oficiais, em especial na identificação e acompanhamento da destruição dos ninhos Desenvolver uma metodologia de captura, viva e sem danos físicos, de exemplares de Vespa velutina, colocação de um microchip e monitorização do movimento da vespa desde o local de captura até a colónia (ninho). O microship a colocar nas vespas terá um transponder que imitirá um sinal de rádio que será captado por um radar portátil devidamente programado para reconhecer o sinal. O monitor do radar permitirá seguir o voo das vespas e identificar a rota seguida desde as colmeias até ao ninho. Paralelamente, o voo será seguido por um Veículo Aéreo Não Tripulado (Drone) equipado com uma câmara fotográfica/vídeo, um localizador do sinal do transponder e um emissor de posição. Desenvolver uma metodologia de identificação de locais com baixa probabilidade de ocorrência da vespa e, por esse motivo, adequados à instalação de apiários.


Sumário do plano de ação:

Pretende resolver-se o problema, a nível da manutenção dos apiários e da produção apícola, colocado com a introdução em Portugal da espécie exótica Vespa velutina (Vespa velutina nigrithorax), também conhecida por Vespa Asiática, nativa do continente asiático, considerada invasora em território europeu.


Pontos de situação / Resultados:

Ponto situação (Janeiro 2024)

O projeto Grupo Operacional Vespa velutina, teve a sua sessão de apresentação no dia 14 de abril de 2018. 

Numa primeira fase de implementação, foi efetuada a inventariação de produtores e apiários do território de abrangência do projeto. Em paralelo, iniciou-se a criação de um projeto em ambiente de sistemas de informação geográfica, que potenciou, numa fase posterior, a conceção de modelo de dispersão espacial. Angariados os apicultores, procedeu-se à conceção e implementação dos métodos/mecanismos de intervenção. A transumância fez também parte da estratégia de mitigação dos impactes da vespa na apicultura. O encerramento do Grupo Operacional ocorreu em 25-05-2023, com a apresentação dos principais resultados, os quais se resumem a seguir.

Não obstante ter-se ficado aquém das expectativas no que diz respeito às soluções definitivas para o controlo da Vespa velutina, a implementação deste projeto afirmou-se determinante para a mitigação dos prejuízos da espécie invasora na produção apícola, desde logo no território de atuação do GO, com maior efeito nos apiários em estudo. Estima-se que as boas práticas já difundidas, durante o desenvolvimento, terão influenciado muitos apicultores e espera-se que o Manual de Boas Práticas concebido possa ser uma referência na transferibilidade para outras regiões do país.

Da inventariação de produtores e apiários no território de intervenção resultou uma base de dados que será utilizada no presente e futuro, no sentido de ajudar os apicultores a superar as contrariedades introduzidas pela vespa e outras inerentes à atividade.

Foi criado um projeto em ambiente de sistemas de informação geográfica para a caracterização do terreno nos concelhos em estudo, tratando se de informação já vertida no Manual de Boas Práticas (após tratamento/compilação) e que, permanecendo também em bruto nos serviços da UTAD, poderá servir de ponto de partida para outros projetos ou necessidades. Com base nesta informação, um novo ou atual apicultor pode escolher locais de menor incidência de vespa para (re)instalar os seus apiários e igualmente prever locais adequados à instalação de apiários em regime de transumância. Zonas de baixa altitude e próximo de cursos de água são as preferidas por esta espécie.

Relativamente à conceção dos métodos/mecanismos de intervenção para minimizar os efeitos da vespa, concluiu-se que as armadilhas e iscos caseiros ou artesanais de baixo custo podem ser de eficácia semelhante aos equivalentes comerciais, o que proporciona ao apicultor vantagem económica, além da possibilidade de atuação mais rápida, sendo que, quer os dispositivos quer os atrativos, têm como ‘matérias-primas’ recursos habitualmente existentes em casa/armazém. De acordo com a experiência obtida, o recurso às armadilhas tem mais sentido na fase da primavera, período em que são capturadas vespas fundadoras (uma fundadora pode resultar num ninho definitivo com milhares de obreiras) e no outono, sendo que nessa estação as fêmeas podem estar fecundadas e dar origem a fundadoras no ano seguinte. No período estival, a melhor ferramenta testada foi a harpa elétrica, que quando construída em casa, recorrendo a materiais acessíveis, pode ser economicamente internalizada e quando colocada e reposicionada de forma astuta é mesmo capaz de manter as vespas afastadas do apiário, pelo menos suficientemente afastadas da tábua de voo. Para que as abelhas possam melhor resistir à vespa, que vai ter sempre impactes na colónia, deve, por parte do apicultor, haver um reforço de atenção e cuidado em todos os restantes aspetos que favorecem a atividade regular das abelhas, desde a sanidade à eventual alimentação artificial.

O Manual de Boas Práticas realizado, súmula do trabalho e conhecimento do Grupo Operacional, é uma referência que pode orientar o apicultor para o efetivo ‘Controlo e minimização de prejuízos da espécie invasora Vespa velutina nigrithorax (Vespa velutina) na produção apícola’. Além da explicação dos métodos testados no desenvolvimento do projeto, existe um capítulo dedicado aos custos de instalação e exploração de apiários pós introdução da vespa, podendo apoiar uma tomada de decisão mais consciente de instalação, ou não, de novos apiários, por profissionais e potenciais novos apicultores.

Como conclusão final, pode afirmar-se que a Vespa velutina está já profundamente enraizada neste território (será uma questão de tempo para chegar a espaços propícios ainda isentos e, porventura, a áreas mais inóspitas), possui uma grande capacidade de adaptação a novas condições, mesmo a fortes contrariedades, e não estará ao alcance humano a sua irradicação, pelos métodos até hoje conhecidos. Tal permite perspetivar que há muito trabalho pela frente. A investigação e experimentação tem de continuar para que os níveis de incidência de vespa se mantenham compatíveis com a atividade apícola, com a agricultura em geral, com a tranquilidade civil e com a indispensável biodiversidade.

 

O Grupo Operacional teve vários momentos de reflexão e partilha da experiência. Ao longo deste projeto foram realizadas 49 reuniões de parceria, analisando-se a abundância e dispersão da vespa asiática, bem como o desempenho dos diferentes tipos de armadilhas testadas.

Entre várias participações do Grupo Operacional em eventos externos, destacam-se:

Em 2023, concluiram-se os eventos públicos:

  • 19 de maio - Último seminário do projeto, tendo sido apresentado o Manual de Boas Práticas.
  • 25 de maio - sessão de encerramento.

Em 2022, destacam-se:

  • Quatro novas Ações de Sensibilização e Informação, com a atualização da informação do ano anterior e com a apresentação das recomendações de defesa dos apiários, com o enfoque na utilização atempada de armadilhas para as vespas fundadoras, evitando a ‘fundação’ de novas colónias.
  • 12 de janeiro - Reunião do Grupo Focal, que refletido as atividades ocorridas e dando pistas para eventuais novas soluções no combate à Vespa velutina.

Em 2021, destacam-se as seguintes reuniões:

  • 15 de dezembro: a reunião de fim de ano motiva sempre uma reflexão sobre o que correu melhor e pior, tendo-se constatado que ainda não terminou o atual ciclo e que parte das vespas capturadas corresponde a fêmeas fecundadas. O foco foi, contudo, para o último semestre do projeto, com o planeamento das atividades que se impõem, nomeadamente as Ações de Sensibilização e Informação e as reuniões do Grupo Focal, as quais foram planeadas.
  • 26 de julho: a vespa surgiu em força junto dos apiários. Foram efetuadas algumas reflexões em torno deste aspeto, destacando-se invernos pouco rigorosos que acabam por potenciar maior população de vespas.
  • 28 de janeiro: discutido o plano de prevenção do ataque massivo de vespas, com a implementação de uma estratégia de captura de vespas fundadoras, evitando uma população maior nos meses de verão/outono.
  • 15 e 16 de março - realizaram-se duas ações de sensibilização e informação em março, online, pretendendo-se transmitir a experiência, conhecimento e resultados anteriores do Grupo Operacional e outras entidades dos municípios do Sousa e dos municípios do Douro, intervenientes nesta temática.

Do ano 2020, destacam-se as reuniões realizadas em:

  • 13 de janeiro, com balanço geral do ano anterior e planeamento das atividades do novo ano, tendo-se também definido a estrutura macro do Manual de Boas Práticas a apresentar na reta final do Grupo Operacional, até dezembro de 2021;
  • 8 de fevereiro de 2020 - seminário subordinado ao tema “Vespa Velutina – Mitigação dos Impactos”, em Baião.
  • 20 de fevereiro 2019 - Sessão de apresentação de resultados intercalares do projeto, em Resende;
  • Em 2 de abril, em consequência das restrições inerentes à pandemia COVID-19, o Grupo Operacional adaptou-se realizando a primeira reunião não presencial, assente na plataforma Skype, a qual juntou 12 participantes;
  • A 7 de setembro reuniu o GO em Resende, num apiário do parceiro Alípio Fonseca, tendo-se feito o balanço da fase das vespas fundadoras, tendo sido possível constatar a positiva eficácia das armadilhas aplicadas, pelo número de vespas capturadas, mas também a necessidade de manter a vigilância e proteção dos apiários dado a significativa existência de vespa predadora. Nesta reunião, preparou-se a estratégia para a atividade de “marcação de vespas”, sendo que esta consiste na captura de um número significativo de vespas vivas, marcando-as com vernizes coloridos, uma cor diferente por cada apiário, tendo como objetivo observar o comportamento das mesmas;
  • Em 2 de outubro foi efetuado o balanço da atividade “marcação de vespa” tendo-se resumido que a observação feita periodicamente, com registo de datas e cores, demonstrou que as vespas, após serem libertadas, rapidamente voltam à atividade de predação. Comprovou-se que a maioria visita recorrentemente o mesmo apiário e só pontualmente passa a outro. No local onde foram pintadas, foram observadas várias vezes e várias ao mesmo tempo. Confirmou-se ainda que, na primeira semana, o regresso das vespas era frequente, mas foram diminuindo ao longo da segunda semana, sendo que, na terceira já não foi avistada nenhuma vespa pintada. Estes dados levam a reflexões que colocam em causa pressupostos anteriores, sendo necessária maior investigação.Ainda nesta reunião, planeou-se uma nova atividade que se designou “díodo na vespa” tendo como objetivo fixar no dorso da vespa um díodo detetável por um radar marítimo, tentando reconhecer a rota/localização da vespa, após largada.
  • No dia 29 de outubro houve nova reunião presencial e que se, entre outros, fez o balanço da atividade “díodo na vespa”, com testagem iniciada em meados de setembro nas Terras do Sousa, tendo-se concluído que a colocação do díodo na vespa requer muita perícia e as vespas têm de ser robustas para levantarem voo com o díodo. Em ambiente otimizado, ainda que em contexto real, constatou-se ser possível identificar no radar a posição aproximada da vespa com díodo, sendo necessária mais investigação para comprovar o potencial sucesso deste método.- Em 29 de dezembro foi efetuado o balanço preliminar do ano, tendo-se concluído que quem armadilha eficazmente nos primeiros meses do ano tem claramente um ataque menor de vespa nos meses mais críticos do ano, nomeadamente na fase de predação com pico de agosto a outubro.

 Ações de 2018 e 2019:

  • 8 de dezembro 2018 - colóquio dedicado ao ”Combate à Vespa velutina”;
  • 9 de fevereiro 2019 - Sessão de apresentação de resultados intercalares do projeto, em Cinfães;
  • 19 e 20 de agosto 2019 - 2 seminários subordinados ao tema “Vespa Velutina – uma ameaça real”, em Amarante e em Penafiel.

 

A informação relativa a este Grupo Operacional, bem como a progressão nos resultados, é disponibilizada no site do projeto em www.go-vespa.pt, nos sites de vários parceiros e em diversas redes sociais, existindo ainda um fórum de debate criado para o efeito.

Hiperligações:

 

Publicações mais relevantes:

- Manual de Boas Práticas

- Microscopic Identification of Anatomical Elements and Chemical Analysis of Secondary Nests of Vespa velutina nigrithorax du Buyson

- The invasion by the Yellow-legged hornet: A systematic review