SustentOlive - Olivicultura e Azeite: Melhoria das práticas de rega e fertilização nas explorações olivícolas em Trás-os-Montes para a sustentabilidade do olival
- Entidade líder do projeto: UNIVERSIDADE DE TRÁS OS MONTES E ALTO DOURO
- Responsável pelo projeto: Anabela Fernandes-Silva
- Site do projeto: https://sustentolive.utad.pt/
- Área do plano de ação: Olivicultura
- Parceiros:
ALMIRA DOS ANJOS LOPES ROBALO CORDEIRO; APPITAD- ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES EM PROTECÇÃO INTEGRADA DE TRÁS-OS MONTES; ASSOCIAÇÃO DE BENEFICIÁRIOS DO VALE DA VILARIÇA; CASA DE VILARELHOS - SOCIEDADE AGRÍCOLA LDA; INSTITUTO POLITECNICO DE BRAGANÇA; LUÍS MIGUEL FERREIRA AFONSO; MANUEL FERNANDO CUNHA VAZ PINTO; SA MORAIS CASTRO LDA
- Prioridade do FEADER: P5A) melhoria da eficiência na utilização da água pelo setor agrícola;
- Identificação do problema ou oportunidade que se propõe abordar:
O olival compreende atualmente uma elevada posição estratégica no panorama de desenvolvimento rural no país. A área total de olival é cerca 340 288 ha dos quais 76 824 ha é regada (23% da área total de olival). Na região de Trás-os-Montes, a segunda região de importância, apenas 6% da área total é regada. Contudo, é expetável um aumento da área regada, por um lado, devido à reconversão de olival de sequeiro semi-intensivo, e por outro devido ao regadio em resultado da área equipada dos principais Aproveitamentos Hidroagrícolas da região como sejam, o Empreendimento Hidroagrícola do Vale da Vilariça, com ocupação cultural de 2 534,1 ha, dos quais 30% é olival de regadio, e do Aproveitamento Hidroagrícola de Macedo de Cavaleiros. Por outro lado, tem-se verificado um aumento do recurso à bombagem de águas subterrâneas e construção de pequenas “charcas” para rega de olivais localizados fora dos perímetros de rega. Atualmente, o olivicultor está perfeitamente consciencializado da importância da rega para aumentar a produtividade, diminuir o tempo improdutivo e atenuar o efeito da safra e contra-safra, condições essenciais para o aumento da competitividade do sector oleícola. Contudo, o olivicultor, sobretudo nesta região, carece de informação, sobre estratégias de rega e resposta das diferentes cultivares regionais, que permitam o uso racional da água de forma a garantir o uso da água de forma racional. Os sistemas de rega instalados nos olivais são praticamente definidos pelas empresas do setor, nalguns casos sem fundamento em projetos que primem pela máxima eficiência dos mesmos. Sistemas mecânicos para a colheita vêm sendo adotadas de forma significativa nas principais regiões olivícolas em Portugal sobretudo em olivais de sequeiro. Há pouca informação disponível sobre a eficiência de colheita mecânica (produção colhida/produção total) em olivais regados considerando diferentes estratégias de rega.
- Objetivos visados:
Objetivo geral: melhorar as práticas de rega nas explorações olivícolas em Trás-osMontes para uma gestão mais eficiente da água, quer pela adoção de diferentes estratégias de rega deficitária, quer pela melhoria, do desempenho dos sistemas de rega que permitam maximizar a eficiência da rega e otimização da produtividade da água, com vista à Eco - Sustentabilidade da olivicultura na região, como uma das formas de prevenir a desertificação do interior norte do País. Num contexto de alterações climáticas que apontam para uma escassez e irregularidade quantidade de precipitação estas medidas assumem especial relevância, devendo ser dada especial importância à práticas de rega deficitária e a sua otimização podem ajudar a maximizar a eficiência do uso da água pela planta e por conseguinte melhorar os rendimentos e benefícios económicos das explorações agrícolas.
Os principais objetivos específicos são:
- Contribuir para o conhecimento das necessidades de rega das Cvs DOP Trás-osMontes (Cobrançosa, Negrinha de Freixo, Madural e Verdeal Transmontana) e avaliar a resposta destas Cvs a diferentes estratégias de rega deficitária (rega deficitária contínua ao longo do ciclo; rega deficitária controlada e rega parcial do sistema radicular) em termos do crescimento vegetativo, produtividade, qualidade da azeitona e do azeite;
- Avaliar os impactos económicos das diferentes estratégias de rega em situações de fácil acesso à água (Aproveitamentos Hidroagrícolas) e em situações de captação de água subterrânea para a rega;
- Avaliar o desempenho dos sistemas de rega instalados para melhoria da eficiência da rega e o também para a melhoria da eficiência do uso da água pela planta, ajustando a frequência e as dotações;
- Avaliar o efeito combinado da fertirega (N e K) nos tratamentos de rega máxima e de rega deficitária contínua, na performance da planta;
- Estudar a evolução da relação FRF (força para a remoção dos frutos)/P (peso dos frutos) ao longo do período de maturação, nas diferentes Cvs. e estratégias de rega para uma melhor definição do período ótimo de colheita do binómio CV vs estratégia de rega;
- Avaliar a eficiência de colheita mecânica (relação percentual produção colhida/produção total);
- Relacionar a eficiência de colheita com FRF/P e diferentes estratégias de rega;
- Avaliar a capacidade de trabalho (árv/hora) do equipamento de colheita.
- Sumário do plano de ação:
Objetivo geral da proposta do Grupo Operacional Olivicultura e Azeite é o de melhorar as práticas de rega nas explorações olivícolas em Trás-os-Montes para uma gestão eficiente da água, quer pela adoção de diferentes estratégias de rega deficitária, quer pela melhoria do desempenho dos sistemas de rega que permitam maximizar a eficiência da rega e otimização da produtividade da água, com vista à Eco - Sustentabilidade da olivicultura na região, como uma das formas de prevenir a desertificação do interior norte do País.
Etapa1. Instalação dos campos experimentais de demonstração
1.1 Instalação dos campos de demonstração (Todos): A iniciativa que nos propomos desenvolver irá comtemplar a instalação de cinco campos de demonstração;
1.2 Caraterização dos solos da área experimental: Serão recolhidas as amostras de solos para análises de rotina, e determinação dos Coeficientes capacidade de campo (CC) e coeficiente de emurchecimneto (CE);
1.3 Instalação de dispositivos de monitorização da humidade do solo: Esta tarega será realizada no outono/inverno de 2017/2018, em condições de solo húmido, de acordo com o recomendado pelo fabricante do equipamento que vai ser utilizado nesta tarefa, pelas razões (aderência sensor ou tubo de acesso ao solo) apontadas no campo 8 do formulário;
1.4 Monitorização das variáveis meteorológicas Nalguns casos há a necessidade de instalar no local estações meteorológicas automáticas (EMA’s).
A preparação dos trabalhos inerentes a estada estapa vai ser realizado no 2º semestre de 2017.
Etapa 2. Quantificação das necessidades de rega e programação/gestão da rega
Tem início em no 2º semestre de 2017, uma vez que é necessário reunir informação de parâmetros climáticos, do solo e da planta.
Etapa 3. Práticas culturais a realizar nos campos de demonstração: São de caracter contínuo logo após o início do projeto.
Etapa 4. Acompanhamento da fenologia e dimensões do copado:
4.1 Monitorização dos estados fenológicos - Esta tarefa tem início no ano de 2018 a partir de e Março/Abril até à colheita (Outubro/Novembro). Nos anos seguintes é realizada no mesmo período.
- Pontos de situação / Resultados:
O maior conforto hídrico das plantas submetidas ao tratamento de rega plena (100 % da ETc) teve efeitos positivos no seu desempenho fisiológico. Contudo, os tratamentos de rega deficitária (60 % da ETc) apresentaram uma eficiência do uso da água mais elevada que os tratamentos de rega plena (100 % da ETc) devido à menor quantidade de água aplicada sem diferenças significativas na produtividade. Nesse sentido, a estratégia de rega deficitária é determinante para uma maior sustentabilidade do regadio no olival e em particular no olival destinado à produção de azeitona de mesa.
Embora estatisticamente não significativa, observou-se um maior crescimento dos frutos nas modalidades com maior dotação de rega e maiores níveis de azoto. Apesar das tendências observadas, os resultados obtidos não permitem avaliar, de forma robusta e consistente, o efeito do regime hídrico e da fertirrega na composição da azeitona ao longo da maturação. Relativamente à frequência da rega observou-se que as modalidades com menor frequência de rega, em geral, foram os que apresentaram maior produtividade.
O teor em gordura em relação à matéria seca (massa azeite/massa seca de azeitona, %) foi afetado negativamente pelo défice hídrico em todos os modalidades de rega deficitária. Nas estratégias de rega deficitária controlada, ou seja, no RDI100 e no RDI60, os resultados levam-nos a refletir que o período final de endurecimento do endocarpo tenha sido sobrestimado e o início da acumulação de azeite tenha sido subestimado. Não era expetável que no tratamento RDI100 existissem diferenças importantes no teor de gordura. Por outro lado, os resultados também parecem indicar que a estratégia de redução do volume de água na fase menos sensível ao défice hídrico (o endurecimento do caroço) deva ser ajustada para o tipo de solos da região de Trás-os-Montes, caracterizados por serem solos delgados e pobres em matéria orgânica e com baixa capacidade de armazenamento de água. Esta fragilidade merece um estudo mais aprofundado em projetos de investigação futuros que permitam continuar os trabalhos iniciados com este projeto. A resposta da oliveira à rega e estratégias de rega deficitária requer um espaço temporal alargado (no mínimo 8-10 anos), bem superior à duração deste projeto. Estas particularidades limitam muito a extração de conclusões robustas, se não existirem outras oportunidades de continuar os trabalhos de investigação.
As estratégias de rega deficitária controlada parecem ser promissoras no que respeita à economia de água durante a estação de rega, pelos bons resultados de produtividade de azeitona alcançados, bem como por uma melhor qualidade do azeite no que se refere a compostos antioxidantes e vitamina E em relação à rega plena e às modalidades de rega deficitária continua.
Os resultados deste estudo permitiram verificar que a estratégia de rega deficitária controlada (RDI60) permite alcançar a sustentabilidade olivícola no caso da cv. Madural e na região de estudo, uma vez que a receita líquida média dos três anos, foi 23% superior à obtida no tratamento de rega plena (100%ETc) e com uma redução dos custos com a rega em 64% nos dois biénios, permitindo assim uma maior poupança da água numa região com elevada escassez deste recurso natural.
Relativamente à influência das modalidades de rega na colheita mecânica da azeitona, os resultados apresentados não mostram alterações significativas nos parâmeros relativos à mecanização da colheita, em consequência das diferentes modalidades de rega.
Divulgação do projeto:
Manual de Boas Práticas para o Uso Eficiente da Água de Rega no Olival. ISBN 978-989-704-55.
Dia aberto de lançamento do projeto: 17/12/2018 - cartaz
Dia aberto de encerramento do projeto: 30/06/2023 - cartaz
Realização de webinars:
- Anabela Fernandes- Silva: Necessidades hídricas e estratégias de rega do olival. 11 de Junho de 2021.
- António Castro Ribeiro: Práticas para o uso eficiente da água de rega no olival: 14 Junho de 2021.
- Anabela Fernandes- Silva: Estado hídrico do olival. 9 de Julho de 2021.
- Anabela Fernandes- Silva: Momento ótimo da colheita: otimização quantidade e qualidade do azeite. 21 de Outubro de 2021.
Comunicações orais
Comunicações de artigo de nota técnica em revista:
Artigos em Proceedings
Anabela A. Fernandes-Silva, António Ribeiro. 2021. Estimation of olive transpiration in adult trees by a daily canopy conductance model. Proceedings of the XI Congreso Ibérico de Aroingeniería 2021. 11-12 November 2021
David Barreales, Susana Capitão, Ângela Monteiro, Anabela Fernandes-Silva, António Castro Ribeiro. 2021. Influencia del riego deficitario en la fisiología y la productividad del cv. Negrinha de Freixo (Olea europaea L.) destinado a aceituna de mesa. Atas do XX Simposio tecnico cientifico Expoliva. ISSN: 978-84-946839-3-0
D. Barreales, A. Monteiro, S. Capitão, D.C., Oliveira, A. Larck, T.T Grabowski, A.F.Silva, A.C. Ribeiro. 2021. Effect of frequency irrigation on yield and biometric characteristics of table olives (Olea europaea L., Cv. Negrinha de Freixo) under full and sustained deficit irrigation. Book of Abstracts of EurAgrEng. 2021 Conference: New Challenges for Agricultural Engineering towards a digital world. P 2020. July 5-8, 2021.University of Évora, Évora, Portugal.
Ribeiro, A.C. 2019. Rega do Olival. Jornadas Feira Nacional de Olivicultura Olivalpaços, 1 de junho de 2019, Valpaços. [27] Olivalpaços.pdf
Comunicações em abstract e posters de encontros nacionais e estrangeiros
Arlindo Almeida, Anabela Fernandes-Silva, António Ribeiro, Paula Cabo. 2021.“Contribuição para uma gestão eficiente da colheita mecânica em olivais tradicionais” - 9º Simpósio Nacional de Olivicultura INIAV | Oeiras, 25, 26 e 27 de outubro de 2021.
Arlindo Almeida, Anabela Fernandes-Silva, António Ribeiro, Paula Cabo. 2021. Colheita mecanizada de azeitona em olivais tradicionais. Livro de resumos do XI Congreso Ibérico de Agroingeniería 2021. 11-12 Novembro 2021
Monteiro, A.; Barreales, D.; Ribeiro, A.C. 2019. Influência da rega na produtividade da cv. Negrinha de Freixo (Olea europaea L.) em Trás-os-Montes. VI Encontro de Jovens Investigadores do Instituto Politécnico de Bragança, 5 de dezembro, Bragança, pp. 119. [29] Monteiro_EJI2019_pp119.pdf
Barreales, D.; Monteiro, A.; Capitão, S.; Oliveira, D.C.; Lack, R.A.; Grabowski, T.T.; Fernandes-Silva, A.; Ribeiro A.C. 2021. Effect of frequency irrigation on yield and biometrics characteristics of table olives (Olea europaea L., cv. Negrinha de Freixo) under full and sustained deficit irrigation. EurAgEng2021, 5-8 July, Évora, Portugal p. 220. [41] Barreales_AgroEng_Evora2021.pdf
Silveira, C.; Castro, J.P.; Ribeiro, A.C.; Almeida, A.; Pereira, J.A. 2021. O papel das aeronaves não tripuladas no apoio à gestão agrícola - aplicação ao olival. IX Simpósio Nacional de Olivicultura, Oeiras, 25 a 27 de outubro, p 95. [32] Silveira et al_IX Simposio Olivicultura_2.pdf
Artigos publicados e referenciados no SCOPUS: