Inovação para a Agricultura

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Go BovMais - Melhoria da produtividade da fileira dos bovinos de carne

Entidade líder do projeto: INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA E VETERINÁRIA IP
Responsável pelo projeto: Nuno Carolino (nuno.carolino@iniav.pt)
Site do projeto: http://www.bovmais.pt/
Área do plano de ação: Bovinicultura
Parceiros:

ACBM ASSOC DE CRIADORES DE BOVINOS MERTOLENGOS; ASSOCIACAO DOS CRIADORES DE BOVINOS DA RACA ALENTEJANA; HERDADE DA VINHA DA ZAMBUJEIRA E CAEIRINHA - SOCIEDADE AGRO-PECUARIA LDA; JORGE RODRIGO NUNES DE VASCONCELOS DE LANCASTRE BOBONE; RUI JOSE CORDOVIL FERNANDES CARDOSO; RURALBIT LDA; SATEG - SOCIEDADE AGRÍCOLA TELLO GONÇALVES, LDA; SOCIEDADE AGRICOLA DE SEGOVIA LDA; UNIVERSIDADE DE ÉVORA; Z E A - SOCIEDADE AGRICOLA UNIPESSOAL, LDA


Prioridade do FEADER: P4) Restaurar, preservar e melhorar os ecossistemas ligados à agricultura e à silvicultura;
Identificação do problema ou oportunidade que se propõe abordar:

Portugal é claramente deficitário na produção de carne de bovino, com um grau de auto-aprovisionamento de 47,5% em 2014. Apesar do efetivo nacional de bovinos de carne ter aumentado nos últimos anos, particularmente no Alentejo, houve uma redução do volume de produção, que em 2014 se situava abaixo das 80 mil toneladas de carne. Esta redução deve-se principalmente à diminuição do nível de abate nas categorias de animais (vitelos, novilhos, novilhas, vacas) e à redução do peso médio dos animais ao abate. No que diz respeito aos bovinos de carne o défice da balança comercial foi superior a 350 M€ em 2014, não obstante a exportação de animais vivos, sobretudo vitelos, para Espanha. Os níveis de produtividade dos bovinos de carne em Portugal são reduzidos, abaixo do potencial produtivo normal da espécie, sobretudo por gestão inadequada dos efetivos, em parte devido à escassez de informação de natureza técnico-produtiva e económica dos produtores. Daí resultam os baixos índices de eficiência alimentar, os reduzidos valores de fertilidade aparente (475 dias), claramente inadequados para fazer face aos novos desafios que se colocam no sector, nomeadamente no que se refere ao novo regime de apoio às vacas em aleitamento, que passou a exigir a ocorrência de parto pelo menos uma vez em cada período de 18 meses. A produção de bovinos de carne, representada no Continente em cerca de 25000 explorações, é essencial para a agricultura Portuguesa, mas a rentabilidade das explorações e o aumento da produção terá de passar obrigatoriamente pela aplicação de métodos e instrumentos de gestão técnico-produtiva e económica mais eficientes, que resultem objetivamente em aumentos da produtividade, redução dos custos de produção unitários e sustentabilidade agro-ecológica dos sistemas produtivos. Neste contexto, o Go BovMais propõe-se contribuir para a melhoria da produtividade e competitividade dos bovinos de carne em Portugal.


Objetivos visados:

Esta parceria visa atingir 5 Objetivos principais perfeitamente integrados no âmbito da fileira dos bovinos de carne que, ao serem atingidos através de 5 Ações fundamentais, propiciarão o desenvolvimento de novos processos, tecnologias e produtos. Estes novos processos tecnologias e produtos contribuirão incontestavelmente para a obtenção de novos conhecimentos e práticas ao nível do sector produtivo e, consequentemente para a melhoria da eficiência bioeconómica da produção de carne de bovino, com reflexo na rentabilidade das explorações agropecuárias, no mundo rural e na economia Portuguesa.

Objetivo/Ação A – Planos de Alimentação Construir e disponibilizar informação sobre planos alimentares/suplementação adequados às necessidades do efetivo bovino explorado em sistemas extensivos. Não sendo prática corrente a utilização de dados sobre a quantidade e a qualidade de pastagem disponíveis e parâmetros das vacas, para o cálculo das necessidades de suplementação, pretende-se demonstrar como, com a utilização de uma folha de cálculo simples, a desenvolver pela equipa do projeto, se pode racionalizar, em termos biológicos e económicos, o maneio alimentar da vacada. Pretende-se elaborar manuais com orientações sobre aspetos alimentares pouco conhecidos ou aplicados pelos agricultores e será desenvolvida uma área na página web do Grupo Operacional, onde o produtor poderá preencher os dados do seu efetivo assim como as suas disponibilidades em pastagens e alimentos forrageiros, em função dos quais o sistema fará uma previsão de disponibilidade alimentar para o ano em causa, alertando sobre a necessidade ou não de suplementação e, no caso de esta ser necessária, aconselhando sobre o tipo, época e a quantidade de suplemento a fornecer.

Objetivo/Ação B – Planos Reprodutivos Melhorar a eficiência reprodutiva através da correta identificação do problema em cada momento e da disponibilização de orientações técnicas inovadoras e processos eficazes para:

- Redução do intervalo entre partos, identificação e quantificação do efeito do balanço energético negativo e outros fatores que afetam a duração do anestro pós-parto aliada à elaboração de práticas simples e eficazes para a sua redução;

- Controlo do desenvolvimento corporal das novilhas e implementação de medidas que permitam antecipar a idade ao primeiro parto e maximizar a longevidade produtiva; 

- Avaliação/seleção do touro reprodutor com aplicação de metodologias objetivas de avaliação de sémen e avaliação reprodutiva da fêmea; Identificação/tratamento de animais problema.

Objetivo/Ação C – Consumo Alimentar Residual (CAR) - Determinar a eficiência biológica e alimentar de bovinos machos de raça Mertolenga e Alentejana a partir da medição da Ingestão Alimentar Residual (CAR). Avaliar o possível impacto da determinação da CAR na eficiência alimentar e biológica da produção de carne de bovino em extensivo. Disponibilizar informações aos empresários agrícolas sobre as vantagens económicas da aplicação deste novo parâmetro na seleção dos seus reprodutores e na gestão de explorações de bovinos.

Objetivo/Ação D – Pesos Económicos e Índices de Seleção

D1. Determinar os pesos económicos de diversos caracteres com destaque para o intervalo entre partos, a vida útil de fêmeas e de machos, a taxa de mortalidade dos bezerros, o peso ao desmame, a duração do acabamento, o peso médio da carcaça de vitelos, vitelões e novilhos e o rendimento de carcaça. O peso económico de um caracter representa a alteração da margem bruta ou do lucro de uma atividade, quando esse caracter varia uma unidade; o objetivo é de, através dos dados técnicos recolhidos pelas associações, de informação económica a recolher e de modelos bioeconómicos já estudados, tratar toda essa informação para disponibilização e aplicação nas explorações produtoras de bovinos;

D2. Criar índices de seleção com base nos pesos económicos referidos no objetivo anterior, em que cada valor genético será devidamente ponderado tendo em consideração a sua importância económica. Com a introdução desta tecnologia os produtores poderão escolher para reprodutores os animais que perspetivem a obtenção de melhores resultados, conciliando as características de natureza fenotípica e genética com os benefícios de natureza económica ao nível das explorações agrícolas.

D3. Paralelamente serão determinados indicadores e resultados técnico-económicos e funções de produção dos principais sistemas de produção atualmente praticados na exploração daquelas raças bovinas em Portugal, porque o processo de estimativa dos pesos económicos tem por suporte principal a avaliação técnico-económica de uma amostra de explorações agrícolas detentoras de efetivo pecuários das raças Alentejana ou Mertolenga.

D4. No final desta candidatura pretende-se disponibilizar novos conhecimentos ao nível do sector produtivo que permitirão aos Criadores obter novos produtos animais contribuindo para a melhoria da sua capacidade produtiva e para a sua valorização.

Objetivo/Ação E – Modelos de Crescimento Está estudado (e aplicado) por elementos da equipa responsável por este Objetivo um modelo de crescimento que incorpora os efeitos da variabilidade ambiental. É um modelo misto de equação diferencial estocástica com parâmetros que são variáveis aleatórias dependentes do indivíduo. Vai-se agora melhorar esse modelo incorporando a dependência dos parâmetros nas estimativas conhecidas dos valores genéticos do indivíduo, de forma a explicar parte da variação desses parâmetros e assim melhorar a margem de erro das previsões, que poderão agora ser feitas de forma individualizada. O modelo desenvolvido suportará uma ferramenta de apoio à decisão em criação e engorda de machos que será disponibilizada on-line aos produtores. Essa ferramenta permitirá, usando custos de produção e preços de venda no mercado proporcionados pelo Objetivo D, a previsão individual do peso futuro, da idade ótima de abate e do lucro associado, em função do peso atual do animal e dos valores genéticos, tornando-a mais precisa e individualizada, com a consequente melhoria dos lucros.


Sumário do plano de ação:

A parceria a desenvolver, constituída por 11 entidades, irá contribuir objetivamente para o aumento da produtividade do sector dos bovinos de carne em Portugal. O plano de ação inclui 5 ações e objetivos distintos, embora estreitamente interligados que, de forma concertada, pretendem incrementar a produção de carne de bovino, através do aumento da eficiência bioeconómica e, desta forma, colaborar para a melhoria da rentabilidade das explorações agropecuárias, para a redução das importações de carne e de matérias-primas para alimentação animal.

O Go BovMais tem a possibilidade de tirar partido do trabalho já desenvolvido pelos vários parceiros, bem como dos meios e estruturas disponíveis em Portugal, para que de uma forma eficaz resolva problemas concretos, amplamente reconhecidos no sector agroalimentar nacional. O desenvolvimento de novos processos e tecnologias e a sua divulgação, permitirão obter novos conhecimentos e melhores resultados a todos os interessados. As particularidades da fileira dos bovinos de carne em Portugal fazem esta iniciativa uma excelente oportunidade para o sectores agrícola e agroalimentar e, indiretamente, florestal.


Pontos de situação / Resultados:

Os resultados previstos estão parcialmente atingidos. Algumas atividades de divulgação foram alteradas, mas as diversas atividades propostas correram dentro da normalidade. 

ATIVIDADES

  • Workshop Bovmais - Melhoria da produtividade da fileira dos bovinos de carne, dia 25 de Março, Estação Zootécnica Nacional, em Santarém
  • Workshop Bovino Alentejano, na Herdade da Coutada Real - Assumar, 4 Março de 2022
  • Reunião BovMais - Ação E – Modelos de Crescimento, online, 15 de dezembro de 2021
  • Apresentação Projeto BovMais e Projeto BovINE, Herdade dos Currais, Évora, ACBM, 21 de maio de 2021
  • Leilão de Reprodutores – Fêmeas/Machos, Assumar, Herdade Coutada Real, ACBRA, 31 de março de 2021
  • Exames Andrológicos, Herdade Coutada Real, ACBRA,25 de março de 2021
  • Leilão de Reprodutores – Fêmeas/Machos, Herdade Coutada Real, ACBRA,4 de dezembro de 2020
  • Exames Andrológicos a novilhos Testados, Herdade Coutada Real, ACBRA,2 dezembro de 2020
  • Testes Performance (TP1H_2020), Herdade Coutada Real, ACBRA,7 de novembro de 2020
  • Reunião do Projeto BovMais, Herdade da Mitra, Universidade de Évora, 29 de janeiro de 2020
  • Acção D – Pesos Económicos e índices de Selecção, Cabrela, 26 de setembro de 2019
  • Acção E - Modelos de Crescimento para a Raça Mertolenga, Herdade dos Currais e Simalhas - São Manços, Évora, 17 de setembro de 2019
  • Coloquio “Conversas sobre pecuária: Aplicação de programas reprodutivos em ruminantes”, Parque de Leitões de Gado de Portalegre, Portalegre, 7 de setembro de 2019
  • Visita do Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Dr. Luís Capoulas dos Santos, Herdade Coutada Real, ACBRA, 6 de setembro de 2019
  • Participação na Feira Agrícola de Portalegre, Parque de Leitões de Gado de Portalegre, Portalegre, 6 de setembro de 2019
  • Seminários Plurivet | Feira Nacional de Agricultura, Feira Nacional da Agricultura, Santarém, 12 de junho de 2019
  • Acção E – Modelos de Crescimento, Herdade dos Currais e Simalhas - São Manços, Évora, 29 de março de 2019
  • Diagnósticos de Gestação e Avaliação da Condição Corporal, Herdade Coutada Real, ACBRA, 15 de março de 2019
  • Verificação dos Alimentadores RIC - Roughage Intake Control, Herdade Coutada Real, ACBRA, 27 de fevereiro de 2019
  • Amostragem da pastagem e colocação de gaiolas de exclusão, Herdade Coutada Real, ACBRA, 27 de fevereiro de 2019
  • Acção A – Planos de Alimentação, Herdade dos Souséis de baixo, Évora, 13 de fevereiro de 2019
  • Acção C – Consumo Alimentar Residual, Herdade dos Currais e Simalhas - São Manços, Évora, 4 de janeiro de 2019
  • Acção A – Planos de Alimentação, Herdade dos Souséis de baixo, Évora, 20 de dezembro de 2018
  • Tenda do INIAV, Agroglobal 2018, 5 de setembro de 2018
  • 2ª Jornadas da Produção Pecuária - Recinto da APORMOR, Expomor 2018, 1 de setembro de 2018
  • Acção D – Pesos Económicos e índices de Selecção, Rio Tinto - Porto, 30 de julho de 2018
  • Comunicação de Patrícia A. Filipe “Individual growth modelling with SDE”, Instituto Politécnico de Bragança, 10 de julho de 2018
  • Comunicação de Manuel Cancela d'Abreu "O que posso ganhar com o planeamento alimentar da vacada?", INIAV, Santarém, 6 de junho de 2018
  • Acção A – Planos de Alimentação, Herdade das Aroeiras, 22 de maio de 2018
  • Acção B – Planos Reprodutivos, Herdade dos Souséis de Baixo, Évora, 30 de Abril de 2018
  • Acção A – Planos de Alimentação, Herdade das Aroeiras, 26 de abril de 2018
  • Recolha de amostras de pastagem na ACBRA, Assumar, Herdade Coutada Real, ACBRA, 24 de abril de 2018
  • Acção A – Planos de Alimentação, Herdade dos Souséis de Baixo, Évora, 20 de abril de 2018
  • Acção B – Planos de Reprodutivos, Herdade dos Souséis de Baixo, Évora, 19 de abril de 2018
  •  Acção A – Planos de Alimentação, Herdade dos Souséis de Baixo, Évora, 9 de abril de 2018
  • Acção B – Planos de Reprodutivos, Herdade dos Souséis de Baixo, Évora, 9 de abril de 2018
  • Acção A – Planos de Alimentação, Herdade dos Souséis de Baixo, Évora, 27 de março de 2018
  • Reunião do Grupo Operacional Bovmais em Évora, Universidade de Évora, 21 de fevereiro de 2018
  • Reunião Bovmais, INIAV, Santarém, 10 de outubro de 2017

MATERIAL DE DIVULGAÇÃO

Comunicações:

Pósteres: 

Publicações:

Teses e Relatórios:

Workshop BovMais:

 

Resultados obtidos em cada tarefa

  • ObjA - Planos Alimentares

Deu-se continuidade aos cálculos das disponibilidades de MS, PB e Energia Metabolizável para todas as amostragens de pastagem realizadas.

Calcularam-se as necessidades nutritivas e a capacidade de ingestão dos rebanhos em cada período de controlo da pastagem em função do peso vivo, estado reprodutivo e variação de peso vivo.

  • ObjB - Eficiência Reprodutiva

o             Análise retrospetiva dos dados registados nos últimos 10 anos (2008-2017) pelas Associações e Criadores das raças de bovino Alentejana e Mertolenga: Na raça Alentejana, foram analisados para avaliação dos parâmetros longevidade real e produtiva, 15096 registos de 200 explorações, e na raça Mertolenga, foram analisados 15598 registos de 291 explorações. Foi também avaliada a idade ao primeiro parto (IdP1) e o intervalo entre partos (IntP) em fêmeas destas raças (respetivamente, 18278 registos de 183 explorações e 84127 registos de 138 explorações da raça Alentejana e 18556 registos de 225 explorações e 117584 registos de 269 explorações da Mertolenga).Verificou-se que em ambas as raças existe uma distribuição cada vez mais uniforme dos partos ao longo do ano. Na raça Alentejana, a longevidade real e produtiva foi de 137,8±32,2 e de 100,3±45,0 meses, respetivamente. As médias da IdP1 e do IntP foram de 37,5±9,5 e 15,2±4,4 meses, respetivamente. Na raça Mertolenga, a longevidade real e produtiva foi de 157,7±51,9 e 112,0±51,7 meses, respetivamente. Os valores médios da IdP1 e do IntP foram de 36,2±9,92 e 15,4±4,7 meses, respetivamente. Em ambas as raças, foram encontrados fatores que influenciam significativamente estes parâmetros, tais como o criador, a IdP1 e/ou o ano e mês de parto.

o             O controlo do desenvolvimento das novilhas e a implementação de medidas que permitam antecipar a idade ao primeiro parto e maximizar a longevidade produtiva é crucial para a sucesso económico das explorações de bovinos de carne. Neste projeto avaliamos o início da atividade ovárica cíclica e a sua relação com o peso e condição corporal em novilhas em quatro explorações do Alentejo entre 2017 e 2019. As novilhas de raça Mertolenga (MERT, n=50) e Alentejana (ALENT, n=43), criadas em regime extensivo, foram avaliadas entre os 308 e os 613 dias de idade. Para identificação do início da atividade ovárica regular, foram realizadas mensalmente exames ginecológicos ao útero e ovários por palpação transrectal e ecografia. Na mesma data, as novilhas foram pesadas e avaliada a condição corporal (método visual, escala de 1-5; método ecográfico). As novilhas ALENT e MERT tinham uma condição corporal media de 3.40±0.71 e 3.77±0.70, pesando 362.13±70.24 e 290.1±30.14 kg, respetivamente. As dimensões dos ovários eram: lado esquerdo (AL=22.88±6.87 e MERT=21.86±6.49 mm) e direito (ALENT=23.30±8.50 e MERT=22.42±7.64 mm), apresentado mais folículos em desenvolvimento (lado direito, AL=9.69±4.12 e MERT=8.47±5.00 mm; esquerdo, AL=8.76±4.66 e MERT=10.5±6.15 mm) do que corpos lúteos maduros (direito, 22.29±3.95 e esquerdo, 16.6±6.23 mm). Em ambas as raças, o tero foi classificado mais frequentemente de tamanho médio (ALENT=84 e MERT=76%, P>0.05) e a probabilidade de início da atividade ovárica cíclica dependente da condição corporal e da idade das novilhas (P<0.001). A idade de início da atividade ovárica cíclica teve uma maior variabilidade na raça ALENT.

o             O reinício da atividade após o parto é determinante para a eficiência reprodutiva e produtiva nos bovinos de carne. Durante o presente projeto foram acompanhadas vacas de raça Mertolenga (MERT, n=53) e Alentejana (ALENT, n=73) em três explorações do Alentejo (2018-2021), procedendo-se ao exame ginecológico do útero e ovários por palpação retal e ultrassonografia entre os 17 e 186 dias pós-parto. Foram também pesadas, avaliada a condição corporal e colhido sangue para analises, como referido. As vacas ALENT e MERT tinham uma condição corporal média de 3.1±0.82 (variando de 1.5 a 4.5) e 3.7±0.53 (variando de 2.25 a 4.5), pesando 573.6±85.94 e 470.3±63.28 kg, respetivamente. As dimensões dos ovários foram: lado esquerdo (AL=29.7±8.04 e ME=24.7±6.96 mm) e direito (ALENT=34.4±7.85 e MERT=25.2±6.63 mm), com folículos em desenvolvimento (direito, ALENT=10.2±6.26 e MERT=10.9±5.94 mm; esquerdo, AL=9.2±5.94 e ME=11.2±6.40 mm) e corpos lúteos maduros (direito, AL=10.2±6.26 e ME=10.9±5.94 mm; esquerdo, AL=9.2±5.94 e ME=11.2±6.40 mm). Em ambas as raças o útero nas vacas cíclicas foi classificado mais frequentemente (P<0.05) como involuído sem conteúdo, e nas vacas acíclicas, em involução com conteúdo (<7mm). A probabilidade de resumo da atividade ovárica cíclica foi muito dependente do tamanho do intervalo pós parto (P<0.001). Não foram identificadas correlações significativas entre o reinício da ciclicidade pós parto e as concentrações de IGFI e β hidroxibutirato.

  • ObjC - Ingestão Alimentar Residual (CAR)

O CAR foi estimado individualmente para todos os animais testado em estação na ACBM e ACBRA e incluído na avaliação genética anual de cada raça.

Foram desenvolvidos diversos trabalhos no Centro de Testagem da Raça Mertolenga com o objetivo de avaliar o comportamento dos novilhos à saída da manga, a sua reação a uma novidade e à aproximação humana, bem como compreender se as respostas entre estes testes estão relacionadas entre si e com o CAR ou outro indicador de crescimento e eficiência alimentar.

Foi efetuada uma monitorização detalhada do comportamento alimentar dos animais testados, designadamente, sobre os alimentadores utilizados, número de refeições por animais e hora da refeição tendo-se registado, em média, mais de 8000 ingestões por animal.

Todos os resultados obtidos a partir da informação gerada sobre o CAR foram divulgados e publicados em congressos e revistas do sector.

  • ObjD - Índices de Seleção/Pesos Económicos

Em 2020 a plataforma online para recolha de informação técnico-económica ficou concluída, testada e em funcionamento. Engloba dados de dez explorações de bovinos (quatro da raça Alentejana e seis da raça Mertolenga) referentes aos anos agrícolas 2018/19 e 2019/20. Foi efetuada a análise dos dados com o objetivo de identificar os indicadores técnico-económicos de referência obtidos a partir da plataforma. Indicadores estes que servirão para estabelecer os pesos económicos a incluir nos índices de seleção.

Durante 2021 FOI implementado na referida plataforma uma ferramenta de produção de relatórios com informação relevante para o produtor, assim como a disponibilização do “Manual de Utilizador” da plataforma online criada neste Objetivo D.

Neste relatório final são divulgados alguns resultados referentes a contas económicas do ano agrícola de 2018/2019 para quatro explorações da raça Mertolenga. Existem registos de anos posteriores destas explorações e de outras, mas não foram ainda integralmente validados, pelo que não será possível apresentar os seus resultados.

             Ao nível da estrutura dos custos médios por exploração, os custos relacionados com alimentação representam 47,7% do custo total, sendo repartidos em 21,4% de alimentos forrageiros produzidos na exploração e 12,3% de rendas de terra (a maioria da terra é própria, pelo que predomina o valor de renda atribuído), sendo de proveniência externa a aquisição de alimentos compostos para animais (12,3%) e de alimentos forrageiros (1,7%). Os salários e encargos sociais (inclui remuneração do trabalho administrativo e de gestão) representam 25,5%. Os restantes custos repartem-se por amortizações (7,6%) e outros encargos com 19,2%, onde os produtos e assistência veterinária representam cerca de 5,5%.

             Das características gerais das explorações avaliadas destaca-se a SAU média por exploração de 204,8 hectares (169,6 ha de terra própria), 133,6 CN de bovinos, mão-de-obra de 1,4 UTA, produto bruto agrícola de 34950 €, consumos intermédios de 45590 € e apoios financeiros correntes de 54054 €. Os salários e encargos sociais atingem o valor médio por exploração de 21269 € e o valor de rendas pagas e atribuídas relativas à terra é de 10134 €. Comparando estas explorações do projeto BovMais com os dados estatísticos de 2019 das 39 explorações da Região Alentejo integradas na RICA com OTE de bovinos de carne, observa-se que os valores de salários e de rendas registados é de respetivamente 6399 € e 1366 €. A área média por exploração destas explorações da RICA é de 166,7 ha e a mão-de-obra de 1,5 UTA, da qual 0,5 assalariada. O VALcf (valor acrescentado líquido a custo de fatores) apresenta valores próximos entre as explorações BovMais e as explorações RICA atrás referidas (37028 € e 36623 €, respetivamente), mas ao nível do RLE (rendimento líquido empresarial) a diferença é notória (5265 € e 28700 €, respetivamente), devido à remuneração integral dos recursos “trabalho” e “terra própria” que foi realizada nas explorações do projeto BovMais.

             Nas explorações BovMais avaliadas verificou-se o valor médio de PAB (produto agrícola bruto)/CN de 256,1€±20,5, de VALcf/haSAU de 220,6€±83,9, de VALcf/UTA de 30025€±12883 e de RLE/UTA de 5844€±6731. Os valores médios observados nas explorações da RICA-OTE bovinos de carne-Alentejo no período 2014-2018 foram de respetivamente 290,7 €, 214,3 €, 25480 € e 20860 €, o que mostra forte divergência entre explorações BovMais e RICA somente no indicador do Rendimento Líquido Empresarial, pelas razões já anteriormente referidas.

              

  • ObjE – Modelos de Crescimento

Foi concluído o processo de recria e recolha de dados dos animais de teste das duas raças e utilizados os dados obtidos na melhoria dos estimadores dos parâmetros dos modelos. A fórmula de cálculo do lucro ótimo foi finalizada, a sua robustez foi avaliada e os primeiros resultados sobre o lucro ótimo e a idade ótima de abate foram apresentados aos parceiros.

Com base nestes resultados, foi apresentada aos parceiros numa reunião técnica uma proposta para a ferramenta informática de apoio ao produtor com características avançadas, mas de fácil utilização. Esta proposta de ferramenta foi implementada pela equipa informática da RURALBIT. Com base nos resultados obtidos nos modelos de crescimento, esta ferramenta permite a informação sobre a evolução futura do peso do animal e do lucro esperado em função da idade de abate, tal como os valores da idade ótima de abate e do lucro ótimo. Permite ainda a utilização de cenários simulados em vez do cenário real. Diversas funcionalidades, como avaliar o lucro ótimo para um ou vários animais, estão a ser preparadas para serem adicionadas à ferramenta.

Foi melhorado um método de estimação alternativo (método da máxima verosimilhança ponderada) que mostrou ser eficaz na redução do viés do parâmetro do peso na maturidade. Também a utilização de métodos de bootstrap e de simulação em geral permitiu avaliar a qualidade (especialmente o viés) dos estimadores de máxima verosimilhança e de máxima verosimilhança ponderada.

Um artigo científico sobre o lucro ótimo foi publicado eoutro artigo, sobre a máxima verosimilhança ponderada foi também publicado, ambos em revistas Q1/Q2.

Para a implementação do modelo estocástico com inclusão dos valores genéticos, foi necessário solicitar novos dados sobre estes valores, recebidos em meados de 2022. Para inclusão dos valores genéticos na melhoria das estimativas dos parâmetros, foram desenvolvidos modelos de crescimento mistos, onde os parâmetros do modelo, individualmente ou em conjunto, são considerados aleatórios. Os resultados preliminares destes modelos mistos considerando apenas o parâmetro α como aleatório, permitiu concluir a influência significativa de alguns valores genéticos nas estimativas dos parâmetros, quer na raça Alentejana quer na raça Mertolenga.

Para modelos mistos, considerando que os parâmetros do modelo variam de animal para animal, mas ainda sem a inclusão dos valores genéticos, foi desenvolvido um novo método de aproximação baseado no método de delta, que permitiu obter estimativas de máxima verosimilhança aproximadas, para a nossa situação real. Os resultados finais do desenvolvimento deste método foram publicados num artigo e submetidos para publicação num outro artigo que aguarda decisão Este tópico foi também desenvolvido no âmbito de uma tese de doutoramento com conclusão prevista em 2023.

Os resultados obtidos por esta tarefa foram apresentados em 11 comunicações nacionais e 10 comunicações internacionais.