Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP)
O Censo de Aves Comuns (CAC) é um programa de monitorização a longo prazo de aves comuns nidificantes em Portugal e dos seus habitats. Foi lançado pela SPEA, em 2004, no Continente e na Madeira, tendo sido iniciado nos Açores em 2007. Com base no CAC, a SPEA produz o Índice de Aves Comuns, que é usado como Indicador da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável e o índice de Aves Comuns de Zonas Agrícolas, que é usado como indicador do Programa de Desenvolvimento Rural. Em conjunto com dados de programas similares em curso noutros países da Europa, os dados CAC contribuem para a produção de indicadores de medição de progresso relativamente às metas estabelecidas pela Convenção sobre Diversidade Biológica e pela União Europeia para travar o declínio da biodiversidade. O CAC funciona numa base de participação voluntária de colaboradores de campo. Cada observador voluntário fica responsável por uma ou duas quadrículas UTM de 10x10 km, onde se pretende que assegure anualmente a realização de censos de aves nidificantes, de forma a permitir uma monitorização continuada das aves comuns. Para além do trabalho de recolha de dados por parte dos observadores, há ainda uma rede de coordenadores regionais, envolvidos neste projeto em regime de voluntariado. Os coordenadores regionais são essenciais para fazer a ponte entre a SPEA e os observadores, comunicando com estes últimos, recebendo os seus dados e angariando novos colaboradores para a sua região.
O CAC é um projeto de longo-termo de grande envergadura que tem carecido de financiamento para a sua continuidade, de forma a garantir a recolha de dados em quantidade e com a qualidade necessárias para a produção dos referidos índices. A SPEA gere anualmente os dados das muitas quadrículas monitorizadas, os quais também precisam de ser organizados e analisados. Adicionalmente, existe a necessidade de comunicar os resultados de forma mais regular, para que os colaboradores tenham o retorno merecido ao seu esforço e tenham acesso aos importantes resultados obtidos através da sua colaboração. Por outro lado, a divulgação deste projeto e dos seus resultados é importante para informar decisores e gestores e também a melhor forma de angariar novos observadores. Para tal, é necessário um forte investimento na componente de comunicação do projeto, nomeadamente através da atualização regular do seu website e da divulgação de conteúdos nas redes sociais. Para promover a angariação de novos colaboradores e garantir que estes têm os meios necessários para a realização de censos, bem como para facilitar uma maior proximidade entre a SPEA e os voluntários, é necessário dinamizar periodicamente ações de formação em locais estratégicos, nas diversas regiões do país. Ao longo dos últimos anos, o CAC tem sobrevivido sem qualquer tipo de financiamento, o que se tem vindo a traduzir numa menor capacidade de resposta da SPEA para liderar o projeto. Recentemente, este problema conduziu à perda de voluntários e à redução do número de quadrículas monitorizadas continuamente.
No início deste projeto procurou fazer-se a sistematização e validação dos dados do Censo de Aves Comuns (CAC) para o período 2009-2018 para possibilitar o cálculo dos índices para esse período e para os dados serem integrados nas análises subsequentes. Ao longo do projeto está prevista a gestão e validação dos dados recebidos das épocas de campo de 2019 e 2020 para cálculo dos índices para esses anos. Para além da avaliação global dos resultados para o período da operação espera-se contribuir anualmente para o Esquema Pan-Europeu de Monitorização de Aves Comuns (PECBMS), com os dados das tendências populacionais das espécies portuguesas. As ações de formação para voluntários que irão recolher a informação no terreno no âmbito do CAC (Censo de Aves Comuns) são essências para garantir a continuidade do projeto e serão realizadas ações em pelo menos 15 locais considerados estratégicos para a cobertura do território nacional. Estas ações servem não só para aumentar a capacidade dos voluntários, mas também para melhorar a qualidade dos dados recolhidos e dessa forma obter índices mais robustos e representativos da realidade. Servirão ainda para divulgação e angariação de novos colaboradores. No que diz respeito à divulgação, durante a maior parte do tempo de vida do projeto irá ser feita a divulgação do projeto e resultados obtidos para o público em geral e para os públicos-alvo (agricultores, associações, entidades públicas e privadas envolvidas na implementação do PDR a nível nacional e europeu) no sentido de informar, promover e envolver todos os stakeholders relevantes. Essa divulgação também será importante para o desenvolvimento e manutenção de uma rede nacional de voluntários para recolha dos dados e para a promoção de medidas sustentáveis no âmbito dos PDR no âmbito da programação pós 2020.
Desde o seu início deste projeto, cuja atividade iniciou-se em agosto de 2019, já foi possível receber os dados da época de 2019, organizar e analisar os dados referentes ao período 2004-2019. Esses resultados foram publicados e divulgados, tanto para os colaboradores, como para o público geral como para os stakeholders. Fez-se também o acompanhamento da época de campo na primavera de 2020 e têm-se realizado diversas ações de formação e divulgação do projeto, que irão continuar a ser feitas até ao fim do projeto. Também os resultados de 2020 irão ser analisados em breve, sendo nessa altura disponibilizados os índices ao GPP.
Ao nível da divulgação de resultados, salienta-se a publicação do relatório O estado das aves em Portugal https://www.spea.pt/publicacoes/, em dezembro de 2019, que incluiu informação atualizada de 18 censos e programas de monitorização (incluindo o censo de aves comuns) que decorrem no território continental. Este é um marco importante, uma vez que esta brochura, disponibilizada em formato digital e impresso, é a primeira edição de um documento que procura reunir informação sobre o estado populacional de um grande número de espécies de aves, sendo uma ferramenta importante para gestores e políticos, mas também uma forma de divulgar os resultados dos censos aos colaboradores, interessados e obviamente para o público geral. Destaque ainda para a realização do relatório do censo de aves comuns https://www.spea.pt/wp-content/uploads/2020/03/relatorio_cac_2020_vf_compressed.pdf, relativo ao período 2004-2019, que foi tornado público em março de 2020. Também foram enviados os resultados do censo para integrarem o esquema pan-europeu (PECBMS) que permite o cálculo de tendências das espécies ao nível da europa https://pecbms.info/wp-content/uploads/2019/12/leaflet-state-of-common-birds-2019-read.pdf
Lista das iniciativas realizadas entre agosto de 2019 e março de 2020- As aves e a ciência na cidade, Noite dos Investigadores 2019, no Museu de História Natural de Lisboa, dia 27 de setembro. 238 visitantes (151 adultos, 87 crianças)- Apresentação conjunta (Portugal e Espanha) sobre os programas de monitorização CAC e SACRE, Congresso Ibérico de Ornitologia, Cádiz, novembro de 2019- Lançamento público do relatório sobre o estado das aves, 18 de dezembro- BigDay SPEA 2019, no dia 30, em todo o país. Participaram 93 observadores de aves e forma observadas 187 espécies de aves.- Apresentação em Sessão sobre conservação de Aves de Rapina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) – 24 janeiro Vila Real.- Participação em sessão de informação pública sobre os projetos de Revisão da Lista Vermelha das Aves e do III Atlas das Aves Nidificantes em Portugal, na FCUL.
Alguns exemplos de resultados do projeto na comunicação social:
https://www.publico.pt/2019/12/18/ciencia/noticia/pardal-pintassilgo-cuco-ha-menos-aves-portugal-1897695
https://www.cmjornal.pt/sociedade/detalhe/portugal-perde-pardais-rolas-e-pintassilgos://www.cmjornal.pt/sociedade/detalhe/portugal-perde-pardais-rolas-e-pintassilgos
https://www.publico.pt/2020/03/31/local/noticia/ha-especies-aves-ligadas-habitats-agricolas-declinio-alerta-spea-1910292
https://www.wilder.pt/historias/estas-10-aves-estao-entre-as-mais-vistas-e-ouvidas-na-primavera/://www.wilder.pt/historias/estas-10-aves-estao-entre-as-mais-vistas-e-ouvidas-na-primavera/
COVID-19 e afetação do projetoA situação de pandemia e consequentes declarações de estado de emergência e calamidade vieram afetar algumas das ações planeadas do projeto para 2020, sobretudo as relacionadas com a recolha de dados na época de campo (abril/maio), com as ações de formação (que decorrem sobretudo em março/abril), mas também com todas as ações de divulgação (desde março) que usualmente decorrem com a presença de público. No entanto, a equipa de coordenação do projeto e os voluntários, fizeram um esforço grande para garantir que algum trabalho de campo conseguisse ser feito no período de desconfinamento (em boa parte do mês de maio) o que atenuou o efeito negativo de toda esta situação (pelo menos 20-25 quadrículas terão sido monitorizadas, em comparação às 30 monitorizadas no ano anterior). Por outro lado, houve um esforço redobrado para promovermos ações de formação, mas sobretudo iniciativas de divulgação do projeto online, durante e após o período de confinamento. Mais, estão já planeadas várias outras ações de formação e divulgação, que irão decorrer no próximo Outono e Inverno.
Lista das iniciativas online realizadas em 2020
Lista das iniciativas online programadas para 2020