AGROMAIS-ENTREPOSTO COMERCIAL AGRICOLA CRL; ARMINDA AURORA DOMINGOS HENRIQUES DE SOUSA LUZ; INSTITUTO DE SOLDADURA E QUALIDADE; INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA E VETERINÁRIA IP; MARIA FRANCISCA HENRIQUES DA LUZ LINO CAETANO; QUINTA DA CHOLDA, S.A.; SOCIEDADE AGRICOLA DA QUINTA DA LABRUJA S.A.; SOCIEDADE AGRICOLA DE S JOAO DE BRITO, S.A
As micotoxinas resultam do metabolismo de fungos, têm causado preocupação nos últimos anos por estarem associadas a problemas graves na saúde animal, têm implicações no ganho de peso, na fertilidade, na resistência a doenças, em geral, por imunodepressão, podendo causar a morte. Não são conhecidos animais resistentes, como tal, os humanos também são afetados, em particular, pela fumonisina, aflatoxina, deoxinivalenol (DON) e ochratoxina A que são teratogénicas, mutagénicas e carcinogénicas e cujos limites máximos nos alimentos estão regulamentados (Reg CE nº 1126/2007). É um problema complexo e grave que o sector agroalimentar enfrenta, pela elevada probabilidade de ocorrência, efeito direto na qualidade das produções, nas matérias-primas, rações e, consequentemente, na saúde, produtividade e segurança da pecuária e, por fim, na saúde humana.
Segundo a FAO, 25% da produção mundial de grãos (especialmente de milho) tem micotoxinas, um dos maiores riscos do Sistema de Alerta Rápido para Alimentos para Consumo Humano e Animal da UE (RASFF). Estão presentes em todos os elos da cadeia agroalimentar, sendo os seus efeitos mais nítidos ao nível dos agricultores e criadores de gado, pela perda direta nas colheitas, na saúde dos animais, na rentabilidade reprodutiva e/ou na segurança dos seus produtos. A presença de fatores abióticos extremos (stress térmico ou hídrico, granizo), bióticos (pragas e doenças) e práticas culturais inapropriadas (datas de sementeira e colheita incorretas, densidade excessiva, controlo de doenças ineficiente, etc) associada à suscetibilidade das variedades potencia a presença de diferentes micotoxinas. São produzidas por fungos, sobretudo, dos géneros Fusarium, Aspergillus e Penicillium que ocorrem no solo, a principal fonte de inóculo, embora também possam ocorrer durante o armazenamento do grão.
A incorporação do restolho no solo perpétua a ocorrência da infeção e, com esta, a probabilidade de produção de micotoxinas. Não é possível eliminar as micotoxinas ou limitar a sua presença sem desenvolver estratégias que possam ser utilizadas pelos agentes da fileira em toda a cadeia de valor. QualiMilho irá enfrentar os riscos de pré e pós-colheita de contaminação e a problemática das micotoxinas ao longo da fileira através da implementação de uma abordagem do sistema para a definição de uma gestão estratégica otimizada.
Objetivos PRINCIPAIS:
1. Identificar fungos potencialmente produtores de micotoxinas que ocorrem nos campos de milho e nos grãos armazenados para comercialização em Portugal.
2. Detetar e identificar as micotoxinas potencialmente associadas aos fungos previamente identificados.
3. Determinar a frequência das micotoxinas mais importantes do ponto de vista agrícola.
4. Desenvolver, testar e demonstrar novos sistemas agrícolas que limitem a presença dos fungos anteriormente mencionados e os danos posteriores sobre a qualidade do grão.
Objetivos ESPECÍFICOS:
5. Implementar um sistema de monitorização de temperatura e teor de humidade, em todas as fases da cadeia de produção do milho.
6. Implementar e validar métodos rápidos de rastreio de micotoxinas em algumas fases da produção de milho.
7. Desenvolver modelos de previsão e um novo processo de apoio à decisão, o MICOTOX ALERT, que integra as etapas de pré e pós-colheita para orientar o mais cedo possível a valorização ideal dos lotes de milho, em função da qualidade e níveis de contaminação, garantindo a introdução segura na cadeia alimentar e dos alimentos compostos para animais.
Outros objetivos do projeto e que decorrem da implementação do plano de ação são a demonstração, a divulgação e a disseminação do conhecimento gerado no grupo operacional. A ANPROMIS tem como tradição a organização, desde há vários anos, de eventos anuais, muito participados, a que assistem mais de 800 agricultores e técnicos agrícolas (500 participantes nos colóquios e 300 participantes nos dias de campo). Aproveitando a realização destas iniciativas, um dos objetivo será a divulgação do projeto e dos resultados provisórios que formos obtendo. Durante o desenvolvimento do projeto, o grupo operacional terá oportunidade de apresentar resultados no congresso anual da ANPROMIS, promovendo uma sessão de trabalho dedicada às micotoxinas e onde será apresentado o "Manual de boas práticas para monotorização e minimização do efeito das micotoxinas na produção nacional de milho". Acresce a divulgação na comunidade científica, em geral, e entre micologistas, toxicologistas e metrologistas, em particular, bem como em outras iniciativas em que os parceiros participam, como a plataforma da Rede Rural Nacional, a Rede Inovar e certames de referência do sector agrícola nacional como a Feira Nacional de Agricultura, a Ovibeja ou a Agroglobal.
Estratégias de integração sustentáveis que garantam a qualidade e segurança do milho e os seus derivados, reduzindo de forma eficiente as contaminações com micotoxinas, minimizando assim as percas económicas e o risco de saúde pública.
Relatórios de Acompanhamento do Projeto: