AGRO RIO BOM, LDA; ARATM - ASSOCIAÇÃO REGIONAL DOS AGRICULTORES DAS TERRAS DE MONTENEGRO; ARBOREA-ASSOCIAÇÃO AGRO-FLORESTAL E AMBIENTAL DA TERRA FRIA TRANSMONTANA; ASSOCIAÇÃO FLORESTAL VALE DOURO NORTE; COAMENDOA COOPERATIVA AGRICOLA DE PRODUTORES DE FRUTOS DE CASCA RIJA CRL; COOPERATIVA AGRÍCOLA DE ALFÂNDEGA DA FÉ CRL; COOPERATIVA AGRICOLA DE PENELA DA BEIRA CRL; FILIPE RODRIGUES PEREIRA; INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA E VETERINÁRIA IP; INSTITUTO POLITECNICO DE BRAGANÇA; INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA; INSTITUTO POLITECNICO DE VISEU; LCN - COOPERATIVA DOS LAVRADORES DO CENTRO E NORTE, CRL; REFCAST - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DA CASTANHA; SOUTOS OS CAVALEIROS, CRL; UNIVERSIDADE DE TRÁS OS MONTES E ALTO DOURO
O castanheiro e a amendoeira são as principais espécies de frutos secos cultivadas em Portugal. O castanheiro predomina nas zonas montanhosas do norte e centro de Portugal e a amendoeira está distribuída desde o Algarve à terra quente transmontana. A nogueira e a aveleira são espécies de menor importância atual, mas que apresentam potencial para serem tidas em conta nas estratégias de desenvolvimento da fruticultura nacional. A generalidade dos solos onde presentemente se encontram instalados os pomares de frutos secos apresenta reduzida fertilidade natural, nomeadamente baixos teores em matéria orgânica. A baixa fertilidade natural dos solos tem sido agravada por práticas de gestão incorretas como mobilizações em excesso. As mobilizações aceleram a mineralização da matéria orgânica, reduzem a atividade biológica dos solos e favorecem a erosão. É necessário adotar alternativas sustentáveis de gestão do solo, nomeadamente pela introdução de cobertos vegetais, que permitam melhorar a fertilidade do solo e não comprometam a produtividade. A gestão do solo deve ser combinada com estratégias adequadas de fertilização.
A fertilização determina o estado nutricional das árvores, com consequências diretas na produtividade e na resistência a pragas, doenças e condições ambientais desfavoráveis. Em climas mediterrânicos a disponibilidade de água constitui a principal limitação à produtividade primária, sendo a rega um fator determinante na viabilidade económica das culturas. Contudo, a água para rega é escassa na generalidade do território nacional, devendo ser usada com critério. Através de estratégias de gestão de rega deficitária é possível maximizar a eficiência de uso da água mantendo a produtividade em níveis aceitáveis com menores dotações. Através da gestão racional do solo, da água e do uso de fertilizantes é possível contribuir para a melhoria da eficiência energética dos sistemas de produção com benefícios económicos e ambientais.
Avaliar o efeito de diferentes cobertos vegetais naturais e semeados nas culturas do castanheiro com vista a selecionar o tipo de coberto melhor adaptado a cada cultura. Serão estabelecidos campos experimentais de amendoeira (1 campo) na terra quente transmontana (Alfândega da Fé) e de castanheiro (1 campo) em Sernancelhe. Serão ainda estabelecidos mais dois campos, um de castanheiro no Marvão e outro de nogueira em Penela, em que serão feitos estudos sobre cobertos vegetais e sobre fertilização.
Avaliar diferentes estratégias de fertilização ao solo, por via foliar e/ou fertirrega nas quatro espécies em estudo nesta iniciativa (castanheiro, amendoeira, aveleira e nogueira), com vista a conhecer a resposta destas espécies aos principais nutrientes e, no caso particular do castanheiro, à correção do pH do solo. Serão instalados campos experimentais de castanheiro na terra fria transmontana, Bragança (2), Macedo de Cavaleiros e Carrazedo de Montenegro. Devem ainda mencionar-se os já descritos ensaios com cobertos vegetais e fertilização em castanheiro e nogueira que irão decorrer em Marvão e Penela, respetivamente.
De amendoeira serão instalados ensaios de fertilização em Alfândega da Fé,Mogadouro, Vila Nova de Foz Côa e Chaves. Em aveleira será instalado um ensaio de fertilização em Vinhais. Avaliar estratégias de rega deficitária com vista a esclarecer a que nível as dotações podem ser reduzidas sem efeito negativo na produtividade. Para o efeito será instalado um ensaio de amendoeira em Alfândega da Fé e um ensaio de aveleira em Viseu. Em castanheiro será ainda instalado um ensaio em vasos em Bragança para despistar espécies vegetais que possam ser hospedeiras de Phytophthora cinnamomi. Algumas leguminosas anuais de ressementeira natural, de elevado potencial para ser usadas como cobertos em outros pomares, poderão ser contraproducentes em soutos se se demonstrar que são hospedeiras do parasita que provoca a doença da tinta. Nos ensaios de cobertos vegetais vão comparar-se modalidades com vegetação natural, vegetação semeada (sobretudo leguminosas anuais de ressementeira natural com ciclos de duração média a precoce, como trevos subterrâneos, serradelas e outros) e talhões em mobilização tradicional. Nestes ensaios será dada particular atenção ao efeito dos cobertos na fertilidade do solo, no estado nutricional e no desempenho fisiológico das plantas e na produção de frutos. Será também dada especial atenção a aspetos práticos relacionadas com a facilidade de implementação e gestão (persistência das espécies semeadas, número de cortes exigidos, etc.), tendo em conta que o objetivo original é que as soluções possam ser adotadas pelos produtores.
Os ensaios de fertilização visam comparar soluções fertilizantes ainda pouco testadas nestas espécies, como a resposta à correção do pH do solo e à aplicação de fósforo (no caso do castanheiro) e a resposta das árvores a aplicações foliares de azoto e boro (no caso da amendoeira). Nestas espécies de folha caduca, a remobilização de fotoassimilados para as partes perenes no Outono é de extrema importância para o vigor da rebentação e qualidade das flores na Primavera seguinte. Nesse sentido, serão testadas adubações foliares de fim de Verão que melhorem a performance fotossintética das plantas em momentos pós-colheita, após os frutos terem sido removidos e em que os fotoassimilados disponíveis passam a ser remobilizados para as partes perenes. Genericamente, em todos os ensaios haverá modalidades com doses, nutrientes e datas de aplicação adaptadas a cada espécie. Tal como nos ensaios dos cobertos, o efeito dos tratamentos será avaliado através de análises de solos, monitorização do estado nutricional e performance das árvores, produtividade e qualidade dos frutos. Nos ensaios de rega serão estabelecidas modalidades de rega deficitária. Os ensaios incluirão uma modalidade testemunha com rega plena, baseada na evapotranspiração potencial da cultura e modalidades com dotações de rega mais baixas, normalmente frações da anterior. O objetivo último é determinar que dotação origina produções não estatisticamente inferiores à rega plena.
Esta linha insere-se na problemática das alterações climáticas e da gestão eficiente dos recursos hídricos que poderão ser progressivamente mais escassos. Na experiência em vasos irá procurar-se despistar, de entre algumas espécies vegetais com potencial para integrar misturas em cobertos (designadamente leguminosas de ressementeira), quais são hospedeiras de Phytophthora ou quais podem ser usadas sem riscos de contribuírem para a propagação da doença da tinta.
A iniciativa foca-se na gestão do solo e da água em quatro espécies produtoras de frutos secos, castanheiro, amendoeira, aveleira e nogueira. Prevê a instalação de campos experimentais com cobertos vegetais, fertilização e/ou rega, com vista a aumentar a sustentabilidade dos sistemas de produção, incrementar o desempenho das árvores e preparar o setor para o cenário das alterações climáticas com redução da disponibilidade de água. Serão implementadas metodologias de campo e laboratoriais para avaliar o efeito dos tratamentos e demonstrar os méritos técnicos e científicos das soluções propostas. Será também implementado um plano de demonstração e disseminação de resultados assente na utilização da plataforma da rede rural nacional e nas páginas web das entidades do consórcio, organização de jornadas com saídas de campo para observação dos campos experimentais, organização de seminários em ambiente académico, elaboração de artigos técnicos, e manuais e dinamização de um grupo focal.
O grupo operacional EGIS foi liderado pelo Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos e constituído por 16 parceiros de natureza muito diferenciada. Em sede de candidatura entendeu-se que um número elevado de parceiros seria uma garantia de maior diversidade de atividades e sobretudo de uma disseminação de resultados mais eficaz. De facto, o grupo operacional EGIS conseguiu um número de indicadores de realização impressionante, tendo em conta o montante do financiamento que lhe foi atribuído.
O EGIS instalou 18 campos experimentais de colheita de informação e demonstração de boas práticas, incluindo as culturas do castanheiro (8), da amendoeira (5), da aveleira (3) e da nogueira (2), em 18 localidades distintas. Estes campos foram mantidos durante três a cinco anos, facto que, só por si, assegura uma ampla disseminação de boas práticas devido a interações de vizinhança entre produtores.
O EGIS organizou e/ou esteve presente em 24 eventos tanto no estrangeiro (Lisieux, França) como em Portugal (Bragança, Vila Real, Coimbra, Santarém, Viseu, Mirandela, Vila Nova de Foz Côa, S. Martinho de Angueira, Macedo de Cavaleiros, Murça, Carrazedo de Montenegro, Vinhais, Vila Flor, Mogadouro, Pinela, Marco de Canavezes, Santarém, Torre de Moncorvo).
Com resultados obtidos dos campos experimentais foram publicados 7 artigos em revistas internacionais de elevado prestígio, como se pode ver na listagem de publicações anteriormente apresentada. Como se sabe, em investigação agronómica a publicação ocorre sempre tardiamente relativamente à instalação de ensaios, devido à necessidade de consolidar resultados. Ainda que as atividades do grupo operacional já tenham terminado oficialmente, a equipa está ainda a trabalhar num elevado número de outros artigos científicos a submeter brevemente para publicação e que ainda terão o agradecimento ao grupo operacional EGIS.
A equipa publicou ainda 19 artigos técnicos, em revistas tão relevantes como Agrotec, Voz do Campo, Vida Rural e Frutas, Legumes e Flores. Este número é verdadeiramente impressionante e configura uma forma de disseminação de resultados altamente eficaz, uma vez que estas revistas são lidas por milhares de produtores e de técnicos que lhes dão apoio.
Foram feitas 62 comunicações, se incluídas comunicações orais técnicas em eventos de apoio à agricultura e comunicações científicas na forma oral ou em painel em congressos científicos internacionais e nacionais. Esta foi também uma das formas que permitiu que as ações do EGIS tenham atingido um número de investigadores, produtores e técnicos particularmente alargado.
A equipa participou ainda com três capítulos num manual técnico sobre a cultura do castanheiro (Manual de Boas Práticas do Castanheiro). Para além disso, o grupo operacional EGIS publicou o seu próprio manual, composto de 10 capítulos dedicados às principais temáticas da gestão do solo e da água em espécies produtoras de frutos secos. Tanto um Manual quanto o outro têm uma elevada capacidade de levar a informação a um público muito vasto e de elevado alcance territorial.
Em meio académico foram defendidas 5 teses de mestrado, apoiadas pelo EGIS e estão em curso duas teses de doutoramento que vão usar dados do grupo operacional, mas que infelizmente não foram concluídas dentro do tempo de vigência das atividades do grupo operacional. Uma delas espera-se que possa ser defendida na UTAD ainda em 2023.
Para finalizar, confrontando os recursos públicos utilizados neste grupo operacional e os compromissos assumidos na candidatura com os indicadores de realização obtidos, a equipa do projeto sente-se orgulhosa e profundamente realizada. Os resultados deste grupo operacional tiveram um elevado impacte na sociedade.
Ações:
Eventos:
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