Os padrões de desenvolvimento humano – e em particular as atividades económicas – têm exercido uma pressão sem precedentes sobre os recursos naturais disponíveis no planeta, designadamente sobre a água, um recurso finito, fundamental não só para a nossa saúde como para a prosperidade do território.
Procurando antecipar riscos e acelerar a mudança de comportamentos no setor agrícola – o responsável por 75% do consumo da totalidade da água potável em Portugal e aquele que mais sofrerá com a escassez de água – o projeto Gulbenkian Água lançou uma iniciativa que pretende aumentar o conhecimento dos agentes do setor relativo a uma gestão mais eficiente da água.
Neste âmbito, um júri (composto por Custódia Correia, da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Mafalda Evangelista, do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável – BCSD Portugal, Tiago Domingos, do Instituto Superior Técnico e por elementos do Programa Gulbenkian Desenvolvimento Sustentável) decidiu financiar cinco projetos de demonstração de boas práticas resultantes de uma gestão eficiente da água e as suas vantagens – desde o esforço envolvido ao impacto real na adoção de boas práticas.
Os cinco projetos selecionados – que vão abranger culturas distintas, de norte a sul do país, e decorrer durante toda uma campanha agrícola – são os seguintes:
Este projeto, assente na capacitação e transferência de conhecimento para centenas de agricultores, em regime presencial, e para milhares, através de meios multimédia, é promovido pela Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (ANPROMIS), em parceria com a Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais (ANPOC), o Centro Operativo e Tecnológico do Arroz (COTARROZ), o Centro Operativo e Tecnológico de Regadio (COTR) e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Envolve a cultura do milho, cereais praganosos e arroz e as regiões do Alentejo, Ribatejo e Vale do Mondego.
Ações demonstrativas com agricultores de três perfis distintos (mentores, seguidores e condicionados), que permitirão traçar itinerários técnicos para a adoção de tecnologia para a rega eficiente, com base nas necessidades de cada perfil e eventos de capacitação e demonstração (workshops e dias abertos de networking), intercâmbios internacionais e conteúdos multimédia. Um projeto promovido pelo Centro Operativo Tecnológico Hortofrutícola Nacional – Centro de Competências, em parceria com a Torriba, Campotec, Hidrosoph e a Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas, que assenta na cultura da maçã, pera e tomate de indústria, nas regiões do Vale do Tejo e Oeste.
Promovido pela Comissão Vitivinicola Regional Alentejana, em parceria com o Instituto Superior de Agronomia (ISA), o Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR) e o Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo, este projeto propõe ações de demonstração das melhores práticas de gestão integrada e sustentável dos recursos (água, energia e fertilizantes), em contexto de campo, no Alentejo, além da criação de um vídeo promocional de melhores práticas e um manual gratuito de boas práticas de rega para vinha e olival.
O projeto G.O.T.A, promovido pela Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense, em parceria com a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro – Real Companhia Velha, a Sociedade Vitivinícola Terras de Valdigem, a Sogrape Vinhos e a Symington Family Estates, assenta em ações de demonstração para agricultores em quatro quintas-piloto do Douro, um manual de boas práticas de rega e material digital audiovisual.
Promovido pela Escola Superior Agrária de Santarém (Instituto Politécnico de Santarém), em parceria com a Terrapro, a Associação de Agricultores do Ribatejo, a Azeitonices e a Casa Relvas, é um projeto para a cultura do olival na região do Alentejo. Prevê ações de demonstração numa exploração onde são já implementadas boas práticas de gestão de rega há vários anos e em que será possível observar o resultado do uso das tecnologias de monitorização e os serviços de aconselhamento existentes, e promover ações de demonstração em produtores “trainees”, com diferentes graus de utilização e implementação da tecnologia.
Fonte: Fundação Calouste Gulbenkian